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A Equipa Redactorial

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Centro de Dia do Monte Espinho

Foi inaugurado no passado dia 16 de Setembro o Centro de Dia do Monte Espinho, integrado no Complexo de Habitação Social, com o mesmo nome, situado na zona norte da Freguesia de Leça da Palmeira.
Este Centro de Dia, com capacidade para acolher 90 pessoas, inclui ainda as valências de Centro de Convívio e Serviço de Apoio Domiciliário.Este espaço foi construído juntamente com as habitações sociais e foi cedido à Associação de Amigos da Terceira Idade (ATI) que terá a responsabilidade da sua Gestão.
De salientar ainda que complementarmente à cedência do espaço a Câmara de Matosinhos subsidiou a instituição com cerca de 60 mil euros para comparticipar na aquisição de equipamento para as novas instalações e de uma viatura de nove lugares para transporte de utentes e funcionários do Serviço de Apoio Domiciliário.
A ATI celebrou ainda um protocolo com o Centro Distrital de Segurança Social do Porto, para obter apoio nas despesas de funcionamento do Centro de Dia do Monte Espinho.
Para além da presença de representantes da autarquia, da ATI, da Junta de Freguesia, de diversas entidades e de muitos utentes a inauguração contou ainda com a presença do Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto e do nosso Pároco, Padre Fernando Lemos, que procedeu à bênção da referida carrinha assim como das novas instalações.
No final da cerimónia de inauguração actuou o coro da ATI ao qual se seguiu um alegre convívio, assinalando-se assim a abertura de mais este importante serviço de apoio aos mais idosos de Leça da Palmeira.

AG
in "A Voz de Leça" - Ano LIV - Número 7 - Outubro de 2007

Festas de S. Miguel Arcanjo 2007

Como já vem sendo hábito, decorreram durante o mês de Setembro as Festas em Honra de S. Miguel Arcanjo (ou S. Miguel de Moroça, como muitos ainda o gostam de chamar), organizadas pela Confraria de S. Miguel e que tiveram o seu ponto alto no dia 30, com a magnífica Procissão em honra do nosso Santo Padroeiro. As festividades tiveram início no dia 8 de Setembro com uma noite de fados, onde alguns fadistas da nossa praça souberam corresponder ao apelo feito pela Confraria de S. Miguel e emprestaram as suas vozes para a angariação de fundos para a organização da Procissão, numa noite em que estiveram presentes no Salão Paroquial cerca de 200 pessoas. Actuaram os fadistas Anita Faria, Nelson Duarte, Maurício Campelo e Emília Dinis, acompanhados à guitarra por Acácio Gomes e à viola por António Reis.
O programa das Festas continuou no dia 22 com a actuação da Banda Nova Onda, sobejamente conhecida das gentes de Leça que mais uma vez e a título gratuito procurou ajudar através da sua música e da sua juventude a Confraria responsável pelas festividades. Pena foi que o espectáculo preparado pela banda tivesse sido ensombrado por uma arreliadora quebra de corrente que impossibilitou a ligação de luzes e efeitos especiais preparados para o efeito. Ficou a intenção e o trabalho meritório realizado por todos. Num adro bastante bem composto, apesar da noite relativamente fria, foi com agrado que se assistiu a um excelente desempenho desta banda Leceira, que mais uma vez demonstrou a todos que a qualidade afinal também mora aqui em Leça da Palmeira. No dia 28 de Setembro, foi a vez do Trio Ex-Libris, também já habituado a estas festividades, numa actuação pautada pela sobriedade, demonstrando a sua qualidade e levando o público a contínua animação.
Sábado foi o dia naturalmente consagrado a S. Miguel, com a Missa Solene, presidida pelo Rev. Padre Fernando Cardoso Lemos e que contou com a participação de todos os Grupos Paroquiais e brilhantemente animada pelo Coro Milium e pelo Coro da Capela do Monte de Espinho, que se juntaram para assim dar mais alegria a esta celebração em Honra do Santo Padroeiro de Leça da Palmeira.
À noite teve lugar no Salão Paroquial, em virtude do mau tempo, o Festival de Folclore, com a participação do Rancho Típico da Amorosa – Leça da Palmeira, Rancho Folclórico de Mira Serra e Loções – Alcobaça, Grupo de Danças e Cantares de S. Tiago de Bougado – Trofa e ainda o Grupo Regional de Moreira da Maia – Maia.
No Domingo e culminando as Festividades, saiu à rua a tradicional Procissão em Honra de S. Miguel Arcanjo, que apesar da aparição ténue de um sol que esteve sempre “na caixa”, e de um céu ameaçando chuva foi possível mais uma vez que o Cortejo Religioso saísse à rua com a pompa e a circunstância que se lhe reconhece. A Procissão composta por onze andores de onde se destacam as ornamentações com flores de tecido, elaboradas pelas mãos sábias da Rosarinho e da D. Ascensão, cuja dedicação e múltiplos talentos nunca é demais lembrar, trabalham arduamente para que tudo esteja pronto a tempo e horas. A procissão efectuou o seu percurso habitual destacando-se naturalmente a sua passagem pela zona da Amorosa, antigamente designada por Moroça e de onde merecem uma referência especial os magníficos tapetes de flores que os habitantes dessa zona da Freguesia, generosamente prepararam para esta Solenidade. Assistiram à passagem do Cortejo Religioso centenas de pessoas provenientes de vários pontos do Concelho e não só, o que demonstra inequivocamente a importância de tão grandiosa Procissão. Os andores foram transportados pelos Grupos, de acordo com a ordem de saída da Igreja: S. Marçal – Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça, S. João Bosco – Grupo Paroquial de Teatro, S. Clemente das Penhas (Capela da Boa Nova) – Antigos Acólitos, Santa Catarina (Capela de Santa Catarina) – Associação de Acólitos, S. Francisco (Capela da Quinta da Conceição) – Irmandade de Nossa Senhora de Fátima da Igreja Matriz, S. Pedro Gonçalves Telmo (Capela do Corpo Santo) – Confraria das Almas, Sant’Ana (Capela de Sant’Ana) – Rancho Típico da Amorosa, Senhora da Piedade (Capela da Senhora da Piedade) – Real Confraria do Senhor dos Passos e Nossa Senhora da Soledade, Nossa Senhora de Fátima (Capela do Monte Espinho) – Irmandade de Nossa Senhora de Fátima do Monte Espinho, Sagrado Coração de Jesus – Confraria do Santíssimo Sacramento, S. Miguel Arcanjo (Igreja Matriz) – Confraria de S. Miguel. A Procissão foi ainda abrilhantada pela Fanfarra dos Bombeiros Voluntários Matosinhos-Leça e pela Banda 1º Agosto de Coimbrões – Gaia. Mais uma vez, a Confraria de S. Miguel esteve ao seu melhor nível ao levar a cabo esta Procissão, cuidando de tudo com muito empenho e até ao mais ínfimo pormenor, colocando na rua a maior Procissão do Concelho de Matosinhos. Bem hajam.

José Eduardo Sousa
in "A Voz de Leça" - Ano LIV - Número 7 - Outubro de 2007

domingo, 30 de setembro de 2007

Festarte 2007 - Provavelmente o Melhor Festarte de Sempre

Tal como em anos anteriores, decorreu entre os dias 27 de Julho e 5 de Agosto o Festival Internacional de Artes e Tradição Populares de Matosinhos, vulgarmente conhecido por FESTARTE. Ao longo de 10 dias foi possível apreciarmos a beleza dos trajes, as danças, a música, o artesanato e gastronomia da Espanha, Equador, Eslováquia, Argentina, México, Roménia e Suíça. O FESTARTE teve início, como é habitual, com o hastear das bandeiras dos países e hinos nacionais na sexta-feira dia 27, no adro da Igreja Matriz. Ali houve oportunidade para vermos de perto e pela primeira vez os Grupos que nos visitaram. À noite, também como é habitual, realizou-se a Gala de Abertura na Praça da Cidadania em S. Mamede Infesta. Sábado de manhã foi o dia dedicado ao Encontro Internacional de Etnografia e Folclore, no Auditório Infante D. Henrique, na APDL, onde foi possível perceber com detalhe as tradições e os costumes destes países através de pequenas alocuções proferidas pelos responsáveis dos grupos. Sábado foi também o dia em que abriu a Feira de Artesanato (ver caixa). Domingo foi, naturalmente, o dia grande do FESTARTE. O dia começou bem cedo para todos, com a participação na Eucaristia, onde sobretudo se pôde apreciar o Ecumenismo entre religiões e mais uma vez se ouviu a música e o canto de todos os países participantes. De tarde, houve o já habitual desfile pela Avenida Dr. Fernando Aroso, que terminou no adro da Igreja Matriz. Foi a oportunidade para mais uma vez apreciarmos a alegria e a dança, mas sobretudo a boa disposição de todos os Grupos participantes, apesar do intenso calor que se fez sentir. Os Grupos foram ainda recebidos no Salão Nobre da Junta de Freguesia pelo Presidente da Autarquia Leceira, Dr. Pedro Tabuada. Seguiu-se o XX Festival Internacional de Folclore de Leça da Palmeira, no Parque Eng. Fernando Pinto de Oliveira, que contou naturalmente com os Grupos estrangeiros e ainda com o Rancho Folclórico “Os Pastores de S. Romão” – Seia, Rancho Folclórico da Casa do Povo de Lanheses – Viana do Castelo e Rancho Típico de Santa Maria da Reguenga – Santo Tirso, para além, é claro, dos Grupos organizadores do FESTARTE, o Rancho Típico da Amorosa – Leça da Palmeira e o Rancho Típico de S. Mamede Infesta. À noite teve lugar o já tradicional Baile Folk na Escola EB 23 de Leça da Palmeira. Na segunda-feira, dia 30, o FESTARTE deslocou-se ao Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, para a Recepção Oficial do FESTARTE, onde estiveram presentes todas as forças vivas do Concelho e o onde o Presidente da Câmara apresentou cumprimentos e enalteceu o espírito do evento, enriquecido pelo intercâmbio cultural. Terça-feira, como já vem sendo hábito, foi o dia livre, durante o qual os Grupos puderam desfrutar de algum descanso merecido. Quarta-feira foi outro dia em cheio na programação do FESTARTE, com a Gala para a Terceira Idade, realizada no Auditório Mário Rodrigues Pereira em Lavra e à noite com os recitais de música tradicional nas Igrejas de Leça da Palmeira, Santa Cruz do Bispo e Guifões (ver caixa). Na quinta-feira deu-se inicio ao Festival Internacional de Gastronomia, com a participação de alguns restaurantes de Leça e Matosinhos a contribuírem com o seu espaço para os Grupos poderem confeccionar as suas iguarias podendo a população apreciar os gostos e os sabores dos países representados no FESTARTE. O Festival de Gastronomia continuou na sexta-feira. Sábado foi o dia consagrado às famílias, quando a população pôde receber em suas casas elementos dos Grupos que nos visitaram, para um almoço que, com certeza, marcou para sempre todos aqueles que se quiseram associar a esta iniciativa. Ainda no Sábado, realizou-se o Festival Internacional de Folclore em S. Mamede Infesta, terminando o FESTARTE no Domingo com o Festival Internacional de Folclore de Matosinhos no Parque Basílio Teles e com o Baile Folk de Encerramento na Escola EB 23, onde os Grupos se despediram das gentes de Leça que tão bem os souberam receber, ficando a promessa de um dia voltarem.

OS GRUPOS PARTICIPANTES

Agrupacíon Folklórica Princesa Iraya – Santa Cruz de Tenerife – Canárias – Espanha

Da província de Santa Cruz de Tenerife veio até nós a Agrupacíon Folklórica Princesa Iraya. A sua fundação data de Novembro de 1982, tendo como mentor Eusébio Benedito Cabrera, cujo objectivo foi reunir os jovens do seu bairro, dando-lhes a conhecer as tradições e costumes da sua ilha. Tem participações, dignas de registo, em vários festivais internacionais, sendo que esta foi a segunda vez que actuou em Portugal. Desde 1997 que o Princesa de Iraya mantém uma escola de folclore formada por pessoas de todas as idades, cujo objectivo é o de aprofundar as tradições locais. É através desta cantera, que o grupo assegura o seu futuro. O peixe ocupa um lugar importante na gastronomia das Ilhas Canárias, com particular destaque para “la morena” frita. O artesanato mediterrânico é sempre uma caixinha de surpresas.

Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas – Equador

Da cidade de Ibarra chegou-nos o Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas, da Universidade Técnica do Norte. Consciente da vastíssima cultura nacional, a Universidade Técnica do Norte apoia incondicionalmente o Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas que tenta espelhar o mais fielmente possível, o folclore do seu povo. Como o folclore representa muito mais do que as danças e os cantares, este grupo trouxe ao Festarte verdadeiras obras artesanais, que foram muito apreciadas ou adquiridas na feira de artesanato. A sua gastronomia é composta por uma grande variedade de espécies de milho, com as quais fazem diversos tipos de farinhas e massas, utilizando-os também para fazer uma bebida chamada “chicha”, que era consumida em grandes quantidades.

The Folk Ensemble Busuiocul – Bacau – Roménia

A Roménia apresentou no Festarte 2007, o The Folk Ensemble Busuiocul, fundado em 1973. A paixão e o talento dos elementos que compõem este grupo, faz com que o Busuiocul seja uma referência do folclore local. Interpretando o folclore de várias regiões da Roménia, este grupo, tem no seu corpo de dança, uma forte componente na qualidade dos espectáculos que apresenta. A sonoridade deste grupo é apoiada por um grupo de instrumentistas verdadeiramente extraordinários, que são uma mais valia nos concertos apresentados. Trouxeram também ao Festarte a sua riquíssima gastronomia e o seu não menos surpreendente artesanato.

Folklórny Súbor Partizán Biotica – Eslovaquia

Da cidade de Banská Bystrica chegou-nos o Grupo Folklórny Súbor Partizán Biotica, fundado em 1958, e que desde então se tem preocupado com a recreação das tradições da sua cidade. O canto e a dança deste grupo são harmonizados com instrumentos tradicionais da região a que pertencem. Trouxeram também o seu artesanato e a sua gastronomia, oportunidade para provarmos o “Bryndzove halusky”, iguaria composta de queijo fresco frito, acompanhado com bacon.

Ballet “Alpazuma” – Monte Buey – Argentina

País dividido em várias regiões, o Ballet “Alpazuma”, termo indígena, que traduzido significa terra linda, chega-nos de Monte Buey, Província de Córdoba. A partir de 1992, um grupo de jovens bailarinos que se encontravam esporadicamente para dançarem, conscientes do trabalho que desenvolviam, resolveram dar “corpo” ao seu trabalho, e assim nasceu o Ballet “Alpazuma”. Reconhecido oficialmente pelo Governo Municipal de Monte Buey, na província de Córdoba/Argentina, o Ballet “Alpazuma” tem, nas suas escolas de dança, o futuro desta tradição do país das pampas. Trouxeram ao Festarte a sua riquíssima gastronomia e o seu não menos peculiar artesanato.

Conjunto Folclórico Magisterial – México

O Conjunto Folclórico Magisterial chegou-nos da capital deste país, tendo como data da sua primeira aparição pública o ano de 1963. A sua presença nos mais importantes festivais mundiais faz deste grupo um dos maiores embaixadores culturais, aonde o Magisterial leva o “coração” do povo mexicano. A magia dos sons, únicos como são os dos Mariachis, e a sua gastronomia, recomendada para paladares mais picantes, completaram a lista de motivos para uma participação que foi muito apreciada.

The Folk – Dance Group “La Farandole Courtepin” – Friburg – Suisse

Pela primeira vez presente no Festarte, a Suíça trouxe-nos até Leça da Palmeira, a sua embaixada cultural através do “La Farandole Courtepin” de Friburg. O Groupe Folklorique “La Farandole Courtepin” nasceu no Cantão de Friburg, em 1938, com o objectivo de dar a conhecer os costumes do seu Cantão, participou em várias manifestações culturais na sua região, e participa com muita regularidade em festivais internacionais de folclore, fora do seu país. A sonoridade deste grupo está ainda por descobrir, mas destacamos os instrumentos de sopro, que compõem a sua pequena orquestra de dez músicos. Foi uma oportunidade única para apreciarmos também a sua gastronomia, bem como o seu artesanato.


RECITAIS DE MÚSICA TRADICIONAL

Foi numa Igreja Matriz repleta de público que os Grupos da Roménia, Argentina, Espanha e Equador, demonstraram inequivocamente todos os seus conhecimentos de música e canto. O recital de Leça da Palmeira abriu com a participação do Grupo da Roménia que exibiu todo o seu virtuosismo, especialmente a interpretação soberba do violinista de serviço que deu um autêntico recital de bem tocar. Seguiu-se o Grupo da Argentina que com a sonoridade que lhe é peculiar interpretou a típica música do País das Pampas, com destaque para o Tango. De salientar as excelentes interpretações de Guitarra Clássica, Piano e Sanfona executadas por artistas de excelente qualidade. O Grupo da Espanha foi o “senhor” que se seguiu, animando e de que maneira todo o público presente na Igreja Matriz com os seus cânticos e com a sua música, assemelhando-se muito à música interpretada por tunas académicas, em função dos instrumentos utilizados. Saliente-se no Grupo da Espanha a grande qualidade vocal dos seus intérpretes. Por último, vindo do recital de Santa Cruz do Bispo, esteve o Grupo do Equador que com as suas tradicionais flautas de pan fechou em grande uma noite espectacular, riquíssima de tradições, de música e sonoridade únicas. Para terminar e em jeito de rodapé, de salientar o esforço da Equipa da Paróquia responsável pelo recital, que colocou à disposição dos Grupos todas as condições necessárias para um grande espectáculo, nomeadamente ao nível da qualidade de som, gentilmente cedido pela Banda Ex-Libris.

FEIRA DE ARTESANATO – ANIMAÇÃO E ALEGRIA.

A Feira de Artesanato teve início no sábado, dia 28 de Julho, e terminou na sexta-feira seguinte, dia 3 de Agosto. Durante todos estes dias foi possível assistirmos a diversas iniciativas culturais, com destaque para a animação nocturna, com os Grupos a interpretar as suas músicas e as suas danças e onde se pôde assistir todos os dias a um adro repleto de público entusiasta que soube sempre dizer presente a todas as manifestações culturais realizadas. No Domingo a animação da feira esteve a cargo do Grupo Paroquial de Teatro, que pelo segundo ano consecutivo mostrou e bem aquilo que sabe fazer, nomeadamente com os elementos mais novos do Grupo. Notou-se, de facto, uma preparação cuidada do espectáculo apresentado com a montagem da logística necessária a ser realizada durante todo o dia de Sábado, denotando a particular importância que o espectáculo teve para o Grupo. Na segunda-feira, dia 30, tivemos a presença do Grupo da Argentina que interpretou e deslumbrou todos os presentes com a sua música, o seu canto e as suas danças. Sem querer ser parcial, foi o Grupo que melhor apresentou a mais cuidada interpretação musical em toda a Feira. Extremamente seguros da sua música, pautaram a sua actuação pela sobriedade, cativando o vasto público presente, ao ponto de eles próprios se mostrarem surpreendidos com a sua interpretação. Foi possível ver a satisfação do Grupo no final, pela actuação muito bem conseguida. Na terça-feira, dia livre no programa, a animação da Feira esteve a cargo do Rancho Típico da Amorosa, que com a sua alegria e os seus cantares colocou o público presente a dançar e a cantar. Na quinta-feira tivemos a agradável presença de três Grupos. A animação começou com o Grupo do Equador que aqueceu a noite com a sua música alegre e tradicional. Algumas das músicas, conhecidas do público português, foram aproveitadas pelo grupo para colocarem os “Leceiros” a cantar e a dançar com eles. Seguiu-se o Grupo da Eslováquia, que naturalmente com sonoridades diferentes soube de igual modo atrair a atenção de todos. De salientar o virtuosismo dos seus executantes, nomeadamente do intérprete do Cimbal e dos Violinistas. Fechou a noite o Grupo da Espanha que, tal como no dia anterior, no recital da Igreja, cativou todos os presentes, convidando-os entusiasticamente a dançar com eles. A noite prolongou-se mais do que o esperado, por força dos três Grupos presentes, mas também porque o Grupo da Espanha foi capaz de prender o público com a sua música. No último dia, a presença do grupo do México fechou com chave de ouro a Feira de Artesanato. Notou-se que o espectáculo foi previamente preparado com coreografias únicas e onde foi possível observar a vasta cultura mexicana. Terminaram a actuação com os tradicionais Mariachis ao som de “Cielito Lindo” cantada por todos os presentes. Simplesmente espectacular!

NOTA FINAL

Poderia dizer...Terminou o FESTARTE 2007, venha o FESTARTE 2008. Mas tenho de terminar a minha reportagem dizendo: “Terminou o FESTARTE 2007, venha outro igual que este deixou muitas saudades!”
Foi uma organização sem mácula. Talvez por também já é o décimo FESTARTE, mas de facto foi o melhor de sempre: sem atrasos significativos nos horários previstos, sem confusões de última hora. Sobretudo deixa saudades pela simpatia dos participantes. Há muito que não se via tanta entrega, tanto rigor e sobretudo tanta vontade de estar presente. Ao contrário de anos anteriores, a Feira de Artesanato abriu sempre a horas e com todos os artesãos presentes, especialmente os estrangeiros. Deixa saudades, sim, ao ponto do artesão da Argentina chorar na despedida abraçado aos elementos da Organização da Feira, e com a voz embargada dizer que vai com amigos no coração. Esta amizade cultivada ao longo de uma semana de trabalho é muito reconfortante para todos os que se esforçaram, se entregaram e viveram de alma e coração o FESTARTE. Dizemos sempre que é o último que fazemos, mas não é possível deixarmos de estar cá para o ano. Por último, uma palavra para todos os artesãos nacionais presentes, pela compreensão demonstrada e pela disponibilidade.
















Aqui merece referência especial a “Tasquinha LÁ DE CIMA” (que é como quem diz “lá de cima” do Monte Espinho…), porque foi, de facto, a grande novidade este ano. Souberam aos poucos cativar clientela, numa “tasquinha” que cresceu com o passar da semana e que no último dia já ocupava quase metade do espaço da Feira. Contamos com eles para o ano, com a mesma alegria e a mesma disponibilidade e sem querer ser “bairrista”, porque até nem o sou, só posso dizer...tinha de ser o Monte Espinho. Bem hajam e que o objectivo a que se propuseram ao participarem na Feira de Artesanato tenha sido alcançado.

O MEU LAMENTO

Como já foi referido, a organização do FESTARTE esteve irrepreensível. Por esse facto o meu lamento vai em outra direcção. Tem a ver, naturalmente, com a Feira de Artesanato e a dificuldade por todos nós sentida na sua realização. Não basta dizer que temos uma Feira de Artesanato, é necessário criarmos as melhores condições para os artesãos. Ano após ano, lamentamos que o apoio (ou melhor a falta dele), que nos é dado seja mínimo por parte dos Órgãos de poder local, nomeadamente da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal. Para quando um apoio efectivo, principalmente naquilo que diz respeito às “barracas” dos artesãos?
Não chega trazer meia dúzia de placas de aglomerado e com outra meia dúzia de pregos dizer-se que temos Feira de Artesanato. A cobertura das mesmas e a iluminação são a nosso cargo. Mas pior do que isso tudo é o de termos que “desmontar” e “montar” a Feira todos os dias. E porquê? Porque as “barracas” não são fechadas. Porque se continua a achar que esta Feira de Artesanato, a nossa Feira de Artesanato, não merece ter umas “barracas” fechadas, seguras e com um mínimo de conforto para os artesãos. Este ano já houve algumas desistências, precisamente porque em nenhuma outra Feira de Artesanato se faz isto. É incompreensível como após um dia de trabalho, ainda se tem que tirar tudo das “barracas”, empacotar e guardar numa sala fechada. Para quando umas “barracas” novas, fechadas e seguras? Será pedir muito? Aqui fica o recado para quem de direito. Espero que desta vez não caiam em “saco roto”. O meu segundo lamento vai, infelizmente, para a pobreza das Festas de Sant’ana. Se é que se pode chamar Festas a meia dúzia de Feirantes que lá vão trazendo alguma cor e alegria às Festas. Ainda pior é mesmo o programa das Festas. Sem querer tirar o mérito aos músicos que passaram pelo palco montado no Parque Eng. Fernando Pinto Oliveira, porque nem sequer questiono a qualidade dos mesmos, assisto decepcionado à expressão triste e desolada de quem na noite de Sábado saiu de suas casas para assistir a um pouco de música de baile e acaba por assistir a uma banda que independentemente da sua qualidade, que friso mais uma vez não está em causa, não se adequa minimamente ao público Leceiro. Está na altura dos responsáveis pela Autarquia Leceira pensarem a sério no programa das Festas, com bandas que animem de facto a população. E há tantas bandas em Leça capaz de o fazer. Afinal não são só as Festas de Sant’ana, são as Festas de Leça da Palmeira.

José Eduardo Sousa
in "A Voz de Leça" - Ano LIV - Número 6 - Setembro de 2007






quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Leigos para o Desenvolvimento

Quando no passado mês de Março, assisti num dos canais nacionais, a uma reportagem sobre os Leigos para o Desenvolvimento, estaria longe de imaginar as dificuldades e sobretudo o drama que se vive no chamado “Continente Negro”. África é por excelência o continente onde missionários e leigos tentam, num esforço sub-humano, fazer mais do que o próprio governo do país. A reportagem exibida demonstrou o trabalho missionário em Moçambique, na missão de Fonte Boa, onde no dia 6 de Novembro de 2006, após um assalto à referida missão, foram brutalmente assassinados, uma voluntária e um Padre Jesuíta. Tal como a reportagem mencionou, foi uma morte violenta, absurda e arbitrária, originando a suspensão da ajuda que os Leigos para Desenvolvimento aí prestavam. Posto isto, uma interrogação se nos coloca. O que leva alguém a assaltar uma missão, que procura a cada momento, ajudar aqueles que mais precisam? Mesmo sendo uma luta armada pelo poder, nada, absolutamente nada, justifica um tal acto de violência, sobretudo se pensarmos que a missão de Fonte Boa dedica-se ao auxilio de crianças.
Dia 6 de Novembro de 2006, pelas 1.30 da madrugada (hora local) foi assaltada por um grupo armado a Missão de Fonte Boa, em Moçambique. Durante o assalto foram mortos a Idalina, voluntária dos Leigos para o Desenvolvimento e o P. Waldyr dos Santos, jesuíta brasileiro. Ficaram também feridos um jesuíta moçambicano, Ir. José Andrade, de 76 anos e o Fernando Carvalho (ex-Leigo). A Idalina, com 30 anos, encontrava-se desde Outubro de 2005 em Fonte Boa, dando apoio à missão, em projectos da área agrícola, pecuária e construção de lar para órfãos de Sida.
In
www.ecclesia.pt/leigos

Mas afinal quem são os Leigos para o Desenvolvimento? Quantos são e o que fazem? A resposta a esta e outra perguntas que procurarei dar ao longo das minhas parcas palavras.
Quem são?

Os Leigos para o Desenvolvimento são uma Organização não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) de cariz católico que, através dos seus voluntários, actua nos chamados países em vias de desenvolvimento, em especial nos de expressão oficial portuguesa. Os voluntários são cristãos leigos que, por um ou mais anos, põem as suas capacidades pessoais e profissionais ao serviço da promoção humana, em África e Timor Leste. Mobilizam-nos os valores da solidariedade e da justiça social, que os levam a tentar responder às necessidades dos mais carenciados. Inspirados pelo espírito evangélico, procuram contribuir com o seu trabalho e presença para a construção de um mundo cada vez mais justo, fraterno e humano.

O que fazem?

Na área da Educação nas sete Missões onde estão presentes, Madre-Deus, Fonte Boa, Cuamba, Lichinga, Benguela, Uíge e Dili, leccionam disciplinas do ensino básico, secundário, pré-universitário e técnico-profissional, a crianças, jovens e adultos. Formam professores e alfabetizam as comunidades onde actuam. Simultaneamente, criam e apoiam infra-estruturas, tais como escolas, bibliotecas, centros infantis e de apoio escolar. Na vertente da saúde publica, através dos voluntários com formação médica e de enfermagem apoiam programas de subnutrição e de vacinação de crianças, centros de saúde e hospitais. Também formam técnicos de saúde, capazes de auxiliar as comunidades a que pertencem, prolongando os benefícios da sua acção muito para além do seu término. Enquanto cristãos, todos os Leigos realizam também actividades pastorais: catequeses, grupos de jovens, organização de retiros e eventualmente apoio aos secretariados diocesanos locais. Na área da promoção social, através do seu trabalho criam infra-estruturas para a comunidade, tais como creches, tanques e canalizações de água. Promovem a agricultura de subsistência e a abertura de lojas comunitárias. Além disso, apoiam grupos menos favorecidos, através da integração familiar de meninos de rua, da criação de cozinhas sociais para idosos e de programas de promoção da mulher.

O que é preciso para se ser um Leigo para o Desenvolvimento?

Para se ser um Leigo para o Desenvolvimento é necessário reunirem-se várias condições. Disponibilidade para entregar gratuitamente um ou mais anos de vida ao serviços dos que mais precisam; abertura de espírito para compreender, viver e trabalhar com povos diferentes e para viver em comunidade; capacidade de viver em verdadeiro espírito de pobreza cristã. Oferecem a possibilidade de ser útil ao outro, através de projectos de cariz humano; todas as condições materiais para desenvolver um trabalho em prol do desenvolvimento; acompanhamento espiritual e material ao longo de todo o caminho, desde a formação até ao regresso de Missão. De forma mais concreta, o voluntário Leigo deve ser:
cristão;
maior de idade (entre os 21 e os 40 anos);
livre de encargos familiares (se for um casal deve haver a concordância de ambos);
deve ter formação académica ou profissional
deve ter tempo para frequentar a formação ministrada pelos Leigos no ano que antecede a selecção e partida em Missão.

A reportagem exibida, foca todos estes aspectos e leva-nos a perceber o quanto nós somos pequeninos. O quanto nós podemos fazer pelos outros. O drama da pobreza, da subnutrição, da fome, das doenças como a malária ou a Sida, de um povo que nada tem e que procura em cada gesto, em cada olhar enternecido de uma criança, um raio de luz que lhe alegre o coração. É chocante a imagem de uma criança subnutrida, de uma mãe que implora um pouco de comida porque não tem como amamentar o seu filho, mas mais chocante ainda é a impavidez e serenidade com que os países mais ricos do mundo olham indiferentes para tudo isto. Mais do que uma ajuda monetária, o que estes povos precisam é de afecto, de alguém que olhe para eles com os olhos de Deus. Porque a eles o que lhes resta é Deus e os Leigos para o Desenvolvimento.




José Eduardo Sousa

in "A Voz de Leça", Ano LIII - Número 11 - Fevereiro de 2007

Abade Mondego - Leça Celebrou 75 Anos do Seu Falecimento

No passado dia 10 de Fevereiro de 2007 comemorou-se o 75º aniversário do falecimento do Abade Mondego. Com organização da equipa deste Jornal, Leça da Palmeira assinalou esta data com a celebração de uma Missa Solene em sua memória, onde estiveram presentes representantes da maioria Grupos Paroquiais.
A Celebração Litúrgica foi presidida pelo nosso Pároco, P.e Fernando Cardoso Lemos, e animada por um Coro constituído por elementos da maioria dos Coros Paroquiais, que sob a direcção da Dra. Ângela Soares, teve um desempenho soberbo.
O texto de orientação desta Celebração Eucarística recordou o homenageado: «Celebramos hoje o 75º aniversário da morte do Padre José Ferreira dos Santos Mondego, mais conhecido como Abade Mondego e que paroquiou Leça da Palmeira durante 27 anos. Do seu apostolado na nossa Paróquia ficou o respeito que conquistou junto dos seus Paroquianos, quer através da sua atitude cívica, quer das suas pesquisas científicas, sendo um exemplo de Força e Virtude no nosso caminhar para Deus.»
Durante a Homilia, o P.e Fernando Lemos, enalteceu a vida e obra deste ilustre Pároco de Leça da Palmeira, salientando que José Ferreira dos Santos Mondego, nascido a 12 de Setembro de 1867, em São Tiago de Cassurrães, concelho de Mangualde, formou-se aos 22 anos, no Seminário de Viseu. A 12 de Outubro de 1903 foi nomeado Pároco de Leça da Palmeira, funções que exerceu até Junho de 1931. Durante 27 anos, a sua figura de um homem alto, de olhos negros, profundos e cintilantes, malares salientes, espessas sobrancelhas, sempre vestindo a sua sobrecasaca negra e um pequeno chapéu mole, marcou a vida desta Comunidade Cristã. Salientou, ainda, o seu envolvimento na vida política e principalmente a sua acção científica, nomeadamente, os primeiros estudos feitos em Portugal sobre polinização artificial realizados nas estufas que possuía nos terrenos do Passal de Leça da Palmeira, a produção de vinhos gasosos a partir de vinhos vulgares, neutralização industrial do azeite, e os vários escritos que realizou sob o pseudónimo de “José de Gomon”.
Importa referir que esteve exposto durante toda a Celebração o único retrato existente na Paróquia do Abade Mondego, pintado pelo Sr. Jorge Bento, que apresentamos na primeira página desta edição d’A Voz de Leça, e que se encontra habitualmente no gabinete da Sacristia, numa espécie de Galeria dos Párocos, ao lado de outros quadros do Padre Pote, do Padre Alcino Vieira e do actual Pároco.

Nesta Eucaristia, a acção do Abade Mondego voltou a ser recordada através dos símbolos que no momento do Ofertório foram transportados, em procissão, por representantes de diferentes Grupos Paroquiais presentes e as mensagens a eles associadas, a saber:
CÍRIO- representa a luz que nos orienta para Deus e que o Abade Mondego manteve bem acesa nesta comunidade iluminando todos os paroquianos no caminho de Deus.
BÍBLIA- recebe Senhor, o nosso louvor pela Palavra que continuamos a anunciar e que ela seja sempre fonte de vida.
FLORES- Estas foram, no início do século XX, o objecto das primeiras investigações científicas do Abade Mondego. Com elas realizou os primeiros estudos sobre polinização artificial. Estas mesmas flores simbolizam a simplicidade, a partilha, a alegria e a amizade que queremos ver crescer na nossa comunidade paroquial
ESPUMANTE- Este vinho espumoso teve origem nos trabalhos de champanização do Abade Mondego que, em meio próprio acelerava a obtenção de vinhos gasosos a partir de vinhos vulgares.
AZEITE- A neutralização industrial do azeite foi um dos últimos trabalhos do Abade Mondego no campo da investigação científica. Que a sua luz ajude a iluminar as nossas vivas em direcção a Deus e, em especial, em direcção aos nossos irmãos que mais precisam do nosso apoio, carinho e amor
CÁLICE E PATENA- o pão e o vinho são fruto da bondade de Deus e do trabalho do homem. Na Eucaristia transformam-se em força divina, alento de vida e união de todos com o Pai.

A actividade literária do Abade Mondego foi igualmente lembrada no momento de Acção de Graças, em que foi cantado o refrão “Mãe de todos nós”, que a Dra. Ângela Soares musicou, tendo a Maria da Ascensão recitado o restante poema.

CORO: Mãe de nós todos, Mãe adorada!
Ó Mãe de Deus, Imaculada!

Ave-maria, fonte do Bem, Imaculada, Virgem e mãe!
Como a ninguém Deus Te fez pura, Virgem e Mãe!
É como o sol o teu olhar, que fez na Terra a luz raiar!
Jóia sem par, fazes nas almas a luz raiar!
Tu nos conduzes com mil carinhos, neste deserto cheio de espinhos!
Manto d’ arminhos p’ra nosso peito cheio d’ espinhos!
Procura a lua entre as mais belas, engrinaldar-se toda d’ estrelas…
Rosas singelas para coroa toda d’ estrelas…
E Tu procuras somente a dor, que é d’ ametistas Teu resplendor!
Dá-nos fervor para ampliar Teu resplendor!
Tu és de todos a doce Mãe!... Dos que a não têm…
Mãe és de quem a nunca viu: dos que a não têm!
É para nós o Teu sorriso o que é p’ ra almas o Paraíso!...
Luz que diviso, és para nós o paraíso!...
A criancinha rica ou pobre, Teu alvo manto a ambas cobre,
O Teu amor a ambas cobre!
D’ amor somente é nosso anseio que nos atrai para Teu seio!
Ó doce enleio que nos atrai para Teu seio!

Esta celebração foi participada por representantes dos vários Grupos Paroquiais, no Coro de Coros, Leituras, Oração dos Fiéis, simbologia da procissão do Ofertório, distribuição da Sagrada Comunhão e momento de Acção de Graças.
Ali esteve a nossa Comunidade Paroquial a prestar sentida homenagem a um seu Pastor, que nenhum dos presentes conheceu pessoalmente mas que nos deve orgulhar pelo que quis ser aqui, em Leça da Palmeira.

J.S.
in "A Voz de Leça" Ano LIII - Número 12 - Fevereiro de 2007

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Abade Mondego - 75 Anos do Seu Falecimento

No próximo dia 7 de Fevereiro de 2007 comemora-se o 75º aniversário do falecimento do Abade Mondego. Leça da Palmeira assinalará esta data, no dia 10 de Fevereiro, com a celebração de uma Missa Solene em sua memória, que contará com a presença de todos os Grupos Paroquiais, como forma de homenagem pelos anos em que paroquiou esta nossa Comunidade católica.
José Ferreira dos Santos Mondego nasceu no dia 12 de Setembro de 1867, em São Tiago de Cassurrães, concelho de Mangualde, filho legítimo de António Ferreira dos Santos e Eugénia da Trindade.
Aos 22 anos formou-se no Seminário de Viseu, sendo nomeado coadjutor para Cassurrães e, posteriormente, foi nomeado Pároco de Mesquitela, freguesia do concelho de Celorico da Beira. Mais tarde colocado em Cunha Baixa, freguesia do concelho de Magualde, seria nomeado Pároco de Leça do Balio em Janeiro de 1902.
A 12 de Outubro de 1903 foi nomeado Pároco de Leça da Palmeira, funções que exerceu até Junho de 1931. Durante 27 anos, os Leceiros habituaram-se a ver a figura do seu Pároco como um homem alto, de olhos negros, profundos e cintilantes, malares salientes, espessas sobrancelhas, sempre vestindo a sua sobrecasaca negra e um pequeno chapéu mole.
Como homem culto, interventivo e respeitado pela sua Comunidade foi, em 1909, nomeado Vereador da Câmara Municipal de Matosinhos e Presidente da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, funções que acumularia com as de Pároco e com os seus estudos sobre “ciências da terra”. Os primeiros estudos feitos em Portugal sobre polinização artificial foram realizados pelo Abade Mondego nas estufas que possuía nos terrenos do Passal de Leça da Palmeira. Numa pequena estufa, onde não permitia a entrada a nenhuma outra pessoa, procedia à polinização por pólen estranho de flores, obtendo novas variedades que maravilhavam a floricultura da época.
Após vários anos dedicados ao estudo da reprodução de flores, dedicou-se à produção de vinhos gasosos a partir de vinhos vulgares. Obrigava as células de champanização a proliferarem rapidamente em meio próprio e num óptimo de temperatura, o que acelerava de anos para dias a obtenção dos vinhos espumosos. Estes vinhos tiveram larga fama no mercado da época.
Após ter saído de Leça da Palmeira, e com o financiamento de uma entidade bancária, mandou construir em Estremoz um armazém e um laboratório de análise de oleaginosas, onde procurou obter a neutralização industrial do azeite. Aplicou à analise de óleos um espectroscópio de sua invenção, baseado na construção de um prisma oco, onde era lançado óleo aquecido exteriormente por circulação de água a uma temperatura determinada por um termómetro mergulhado no óleo e obtendo imagens de luz imanada de um colimador, com diferentes riscas de Fraunhoffer, que caracterizavam o óleo a ensaiar. Executados os desenhos do aparelho, com nónio circular e perfeito acabamento, foi mandado executar na Alemanha, onde passou a ser descoberta teutónica.
Durante a sua permanência em Leça da Palmeira, dedicou-se igualmente à literatura. Escrevendo sob o pseudónimo “José de Gomon”, publicou dois romances sobre a vida dos cristãos nos primeiros séculos do Cristianismo: «Cholé», publicado em 1923, e «Minia», em 1925, e vários artigos em jornais, sendo igualmente autor de poesias religiosas que foram cantadas, durante vários anos, pelas crianças da nossa freguesia nas cerimónias da Profissão de Fé.
Após a implementação da República em Portugal, instalou na Rua da Alegria, (esquina da Rua do Matinho), juntamente com o Dr. José Domingues de Oliveira e o Major António de Laura Moreira, uma escola primária para crianças pobres, onde ensinava a moral católica. Esta escola manteve-se até 1915.
Do seu apostolado em Leça da Palmeira, merecem destaque as cerimónias da Comunhão Solene, a Procissão dos Enfermos, o restauro da Capela do Sagrado Coração de Jesus e a construção da sala anexa à Sacristia.
Alvo de perseguição política por parte de vários demagogos que não aceitavam o desenvolvimento que trouxe à ciência e os seus escritos, retirou-se já doente para Viseu, onde viria a falecer em Janeiro de 1932.

J.S.
in "A Voz de Leça" Ano LIII - Número 11 - Janeiro de 2007

domingo, 31 de dezembro de 2006

"Talhas" do Tempo da Minha Avó

Talhar -Segundo o dicionário de língua portuguesa talhar significa cortar, ajustar, esculpir. No contexto popular toma o significado de erradicação de doenças através de rezas e medicina tradicional.

O uso das talhas
A medicina no passado não era tão eficaz como o é hoje em dia. O número de médicos era reduzido e não acessível a toda a população.Transmissão de pais para filhos de certas mezinhas e rezas para a cura de doenças.

Aspectos comuns das Talhas
O ditar de uma lengalenga durante o acto de talhar. O uso corrente de três repetições na maioria dos casos → representação simbólica da santíssima trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). O uso do sinal de cruz → simbolismo da santíssima trindade e ressurreição. A utilização de um elemento simbólico ou medicamento tradicional.

Oração Final
O uso do sinal de cruz → simbolismo da santíssima trindade e ressurreição. A utilização de um elemento simbólico ou medicamento tradicional.

Em louvor de S.Silvestre
Tudo o que faço preste
E que Jesus Cristo
Seja o verdadeiro mestre


Bicho (herpes) - Elemento simbólico: tição
Lengalenga (3 vezes com o tição em sinal da cruz sobre a boca):

Bicho, bichão.Sapo, sapão.
Aranha, aranhão. Cobra do monte.
E bicho de toda a nação.
Esturricado sejas tu como este tição


Aberto (costas) - Elemento simbólico: mulher de dois filhos de ventre.
Lengalenga (a pessoa com dois filhos de ventre colocava os pés sobre as costas da pessoa doente que estava deitada):

Porque paristes? (Pessoa enferma). E tu porque abristes? (Pessoa que talha).
Assim como eu sarei da minha paridura. Também vais sarar da tua abertura.

Trasorelho (papeira) - Elemento simbólico: jugo de bois
Lengalenga (3 vezes com jugo sobre as costas do doente):

Assim como boi e vaca. Cangam aqui. Trasorelho sai-te daqui.

Aftas - Elemento simbólico: luz à noite
Lengalenga (3 vezes):

Oh luzinha da banda de além. Tira as aftas que a minha boquinha têm. Amén.

Dada - Elemento simbólico: 3 canas de vide secas
Lengalenga (3 vezes durante 3 dias em sinal da cruz com as canas de vide):

Quando Deus por mundo andou. Bom Homem lhe deu pousada.
Má mulher lhe fez a cama. E de vides e de lama . Sai-te dada desta mama.

Zipela (Erisipela) - Elementos simbólicos: água da fonte, azeite e carqueja.
Lengalenga (numa malga mistura-se um fio de azeite em água e introduz-se um ramo de carqueja. Depois sobre a zona afectada passa-se o ramo em sinal da cruz 3 vezes):

Pedro Paulo foi a Roma. Jesus Cristo encontrou.
E o Sr. lhe perguntou. Pedro Paulo donde vens?
Oh senhor, venho de Roma. Que morre lá muita gente.
Com quê? Com zipela e zepela. Toda a gente morre dela.
Torna a trás Pedro e talha. Com água da fonte, carqueja do monte e Azeite Bento
Como o que alumia. O santíssimo sacramento. Amén

Pulso aberto -Elemento simbólico: Novelo de lã com uma agulha.
Lengalenga (durante 3 vezes enfia-se uma agulha sem dar o nó no novelo para que agulha entre e saia da mesma maneira):

Eu que coso? (pessoa que talha) Linha quebrada e fio de estroço (pessoa lesionada)
Pois é isso mesmo que coso (pessoa que talha)


Íngua- Elemento simbólico: estrela
Lengalenga (3 vezes a olhar para uma estrela):

Oh estrelinha brilhante. A minha íngua diz.
Que seques tu e viva ela. Mas eu digo que seque ela e vivas tu.


Acrescenta o autor desta pesquisa que: “…algumas pessoas acrescentaram algumas observações entre as quais: a utilização do jugo aquecido pelo bois no talhar do trasorelho e a utilização de uma terrina de água com uma púcara de barro invertida sobre esta no talhar do pulso aberto (disseram-me que esta "talha" só terminava quando a água da terrina fosse toda absorvida pela púcara de barro).”

Rodolfo Rodrigues
in "A Voz de Leça" Ano LIII - Número 10 - Dezembro de 2006
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(Pesquisa feita junto de sua avó, respondendo ao desafio lançado aos elementos do Rancho Típico da Amorosa para recolherem traços da vida Leceira de outros tempos)

Leça da Palmeira - Uma Viagem no Tempo

1 – INTRODUÇÃO

É impossível dissociar Leça da Palmeira do rio Leça, do mar e das suas praias, no entanto, neste trabalho, vamos procurar a sua história cultural: as suas raízes, a sua arquitectura, o seu património, ou pelo menos parte dele e as figuras de destaque a ela ligadas.
Leça foi denominada de S. Miguel de Palmeira, Lessa de Palmeira, Lessa de Matosinhos e de S. Miguel de Moroça. A Infante D.Mafalda, filha de D.Sancho I, menciona a igreja de Moroça, em contrato celebrado com o Bispo do Porto, já em 1260. Em 1543, no reinado de D.João III, o seu padroado foi concedido à Universidade de Coimbra. Em 1758 o lugar de Leça da Palmeira, propriedade do Marquês de Fontes e Abrantes, era habitado por 707 pessoas que viviam das soldadas de pilotos, mestres de navios e marinheiros, tirando-se da terra milho, feijão e algum centeio e cevada. Foi elevada a vila, juntamente com a freguesia de Matosinhos, em 1853, durante o reinado de D.Maria II, e em 28 de Junho de 1984, ainda com a vila de Matosinhos, elevada a cidade.

2 – A QUINTA DA CONCEIÇÃO

Na Boa Nova junto ao farol, onde ainda existe a capela de S.João da Boa Nova, outrora oratório de S.Clemente das Penhas, existiu em tempos um mosteiro onde viviam: “entre penas e rezas um punhado de eremitas franciscanos” (Gomes, 1996:26), tendo-se mudado em 1475 para o
convento da Quinta da Granja, pertença do Mosteiro de Leça do Balio, tendo passado a chamar-se da Conceição.
A actual Quinta da Conceição é um dos ex-libris de Leça da Palmeira, tendo sido adquirida pelo Estado em 1956 por causa do alargamento do porto de Leixões. Em 1483 recebeu uma imagem da Virgem Maria executada pelo mestre Diogo Pires, de Coimbra, em pedra de ançã, oferecida pelo rei D.Afonso V e que actualmente se encontra na igreja paroquial. Na referida Quinta podemos ainda hoje ver: a sua residência senhorial (construção do séc.XIX), um pórtico manuelino, entrada para o mosteiro que lá existiu, o chafariz do claustro, “uma fonte de espaldar em pedra trabalhada” (Marçal, 1957:10), vários bancos de pedra e o tanque rectangular, de S.João, com 8m de comprimento, do meio do qual se ergue um artístico chafariz, cujo pináculo é formado pelo escudo da Ordem Franciscana. Há ainda outra fonte do tempo dos frades, em forma de concha abobadada, em frente a uma capela, a capela de S.Francisco, construída ou restaurada por Nicolau Nasoni, entre 1743 e 1747, vendo-se no altar: “uma apreciável escultura de Cristo na cruz, com o braço direito despregado e pousado no ombro esquerdo dum S.Francisco de roca, que está de pé voltado para o Cristo e junto do crucifixo” (Bento, 1993:109), sendo que o altar é em retábulo do séc.XVIII, em estilo rocócó. Na referida capela, podemos ainda encontrar uma imagem de Cristo morto, do séc.XVII, um Sto.António do séc.XVI e um S.Roque da mesma altura, bem como uma lápide sepulcral de Frei João da Póvoa. A Quinta tem ainda belos jardins e vegetação frondosa, que leceiros, e não leceiros, aproveitam bem em época estival.
Mais recentemente, ainda na Quinta, foi construída uma piscina, cuja autoria é do Arquitecto Siza Vieira, aliás como o são: a piscina das marés, construída em cima da praia de Leça, envolta pelos penedos, e a famosa Casa de Chá da Boa Nova; isto para referirmos alguma da arquitectura mais recente desta cidade.
3 – QUINTA DE SANTIAGO


Quase contígua à Quinta da Conceição, podemos encontrar a Casa Museu da Quinta de Santiago, actual pertença da C.M.Matosinhos, tendo sido mandada construir, na última década do séc.XIX, por João Santiago de Carvalho e Sousa, para sua residência. A obra é assinada pelo Arquitecto Nicola Bigaglia que: “empresta à obra um tom muito diverso no qual elementos neomedievais se vão integrar e dar corpo a um conjunto de ambiência renascentista” (Lima, 1996:21).
Na casa coabitam vários estilos decorativos: neomedieval, Luís XVI, holandês e Arte Nova.
Insere-se num parque grande e frondoso. A casa tem 4 pisos: um térreo, um rés-do-chão elevado, 1º andar e sotão, tendo ainda um torreão, conforme pedido expresso do proprietário. A entrada principal abre para uma galeria onde imperam os motivos familiares (nome e armas de família) e neomedievais, seguida de uma divisão designada de “fumoir” (Lima, 1996:104) que antecede as salas.
O salão Luís XVI faz-nos pensar que entramos noutra casa, é a sala de receber, toda em estilo neoclássico, estuques trabalhados, paredes forradas a seda rosa e tons de ouro, tectos pintados, um bem ornamentado fogão de sala e um balcão, bem iluminado, sobre o jardim.
No rés-do-chão, além deste salão, podemos ainda encontrar a sala de jantar, a sala do piano e o jardim de Inverno.
Uma escadaria, onde se destacam pintados no tecto, os signos astrológicos dos 3 residentes da casa, e onde também encontramos um vitral e um lambrim, dá acesso à zona dos quartos (3), um oratório e aos espaços de higiene.
A torre tem um mirante, cuja vista actual é sobre o porto de Leixões, e antes seria sobre o bucólico rio Leça.
O sotão destinava-se aos quartos dos criados e o piso térreo à cozinha e arrecadações. De salientar que os criados circulavam da cozinha para o sotão e sala de jantar, por uma zona de escadas interiores, sem nunca passarem nos aposentos principais da casa. Actualmente os espaços interiores e exteriores da Casa destinam-se a Museu.
Existe uma exposição permanente de pintores ligados a Leça e Matosinhos, como: António Carneiro (1872-1930), Agostinho Salgado (1905-1967) e Augusto Gomes (1910-1976), ocorrendo várias exposições temporárias durante o resto do ano. Nos jardins também se encontram permanentemente obras de escultura contemporânea, realizando-se de tempos a tempos outras exposições também de escultura, dado que a parte exterior da casa privilegia esta arte.
Em suma, uma visita a não perder.


4 – PERSONALIDADES DA CULTURA


Aproveitando o último parágrafo do tema anterior, mencionaremos de seguida alguns dos nomes mais importantes ligados a esta terra, assim temos:

- Na pintura: António Ramalho, António Carneiro, Agostinho Salgado
- Na arquitectura: Siza Vieira;
- Na música: Óscar da Silva;
- Na literatura: António Nobre;

António Ramalho nasceu em Mesão Frio, a 13.Nov.1859. Aos 11/12 anos foi levado pelo pai para o Porto para aprender um ofício no comércio (marçano numa mercearia de um parente abastado). Como não lhe agradasse o ofício, fugiu para Lisboa, hospedando-se na casa da madrinha, indo estudar Belas - Artes. É conhecido sobretudo pela sua vertente retratista:
retratos de Alexandre Cabanal, D.Maria Adelaide Rocha Viana, Senhora de Preto, entre outros. Pintou, igualmente o retrato do rei D.Carlos. Tem, no entanto, numerosos quadros sobre Leça e o seu rio, como: Ponte de Guifões e Passeio à Boa Nova, referentes ao seu lado paisagista.
António Carneiro, em Matosinhos e em Leça da Palmeira pintou muito, fazendo largo uso do seu culto de artista.
A sua obra mais conhecida, patente na Quinta de Santiago, é o “Ecce Homo”.
Óscar da Silva é o músico mais representativo de Leça da Palmeira, onde jaz no cemitério local. A sonata “Saudade” é a sua obra mais conhecida e insere-se no movimento intelectual gerado no nosso país, depois de 1910, denominado de “saudosismo”. Foi publicado recentemente, com o apoio da C.M.Matosinhos, o livro “Óscar da Silva - Sonata Saudade – A Viagem”, de A.Cunha e Silva, cuja apresentação decorreu no salão nobre dos Paços do Concelho de Matosinhos, com interpretação do 1º Andamento da referida obra, para piano e violino, por professores do Conservatório de Música do Porto, a que tive o privilégio de assistir, memorável.
Falar de Leça sem falar de António Nobre (1867-1900) seria um crime. Nasce no Porto a 16.Nov.1867. Vive em Leça durante os meses de Verão, o suficiente para se enamorar do mar e desta terra, que, por sua vez, em cada canto lhe presta homenagem, veja-se num dos rochedos, junto à Boa Nova, a quadra que transcrevemos:

“Na Praia lá da Boa Nova, um dia
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto Castello, o que é a phantasia,
Todo de lápis-lazzuli e coral!”

As esculturas em sua homenagem, o seu jazigo no cemitério local, sempre enfeitado pelo povo anónimo, ou a Rua dos Dois Amigos (António Nobre e Alberto Oliveira), ou a Rua Fresca que é uma das artérias mais ligadas às estadias do poeta são outros dos testemunhos que Leça lhe devota.
Em Abril de 1892 publica a sua obra mais emblemática, o “Só”. “Uma poesia despojada de convencionalismos, aberta ao rio da palavra e da vida” (Cláudio, 2001:109).

5 – CONCLUSÃO

Após mencionar aspectos culturais ligados à arquitectura, pintura, música e literatura, muito mais haveria para dizer e escrever sobre Leça da Palmeira e seu património. Este, no entanto, é um trabalho que pretende apenas chamar a atenção para uma localidade rica em História da Cultura Portuguesa.

Manuela T. Rocha dos Santos
in "A Voz de Leça" Ano LIII - Número 10 - Dezembro de 2006
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(1) Este artigo foi realizado no âmbito de um trabalho para a disciplina de História da Cultura Portuguesa, do Curso de Psicologia da Universidade Lusíada do Porto.

sexta-feira, 30 de junho de 2006

Mais Memórias da Agricultura Tradicional

A propósito da pequena reportagem publicada na edição anterior d’A Voz de Leça, sobre a colecção de miniaturas, réplicas de apetrechos e máquinas da agricultura tradicional, devidamente integradas em cenas da vida rural, que o Sr. Macedo, de Gonçalves, se dedica a construir, A Voz de Leça foi, também desta vez, recebida com muita simpatia, pelo Sr. Nogueira e pela D. Albina, primos do Sr. Macedo e um casal conhecido de Leça, também pela sua colaboração a vários níveis na vida Paroquial
O Sr. Nogueira, mentor da ideia de construir estas peças junto do nosso entrevistado anterior, possui duas colecções distintas: uma de miniaturas e outra de peças em tamanho real, que conserva dos tempos em que a agricultura era a principal actividade da família. Embora tendo partido de si a ideia das réplicas em miniatura, foi-as construindo de forma aleatória, sem preocupações de escala ou de as relacionar entre si, pelo que a colecção integra também algumas peças iguais, mas com diferentes tamanhos. No entanto, merece registo o detalhe, os acabamentos, mas acima de tudo, o funcionalismo, já que a “nora” tem água, como se estivesse sobre um poço, o arado possui o mecanismo que permite mudar de direcção, a ceranda e a debulhadora igualmente. Comporta ainda enxadas de vários tamanhos e tipos, os ancinhos vão dos tradicionais ao do de dentes de madeira para ser usado na eira com os cereais, a grade, o saxador, o semeador, a bomba de água, a ratoeira das toupeiras, os funis das chouriçasDepois, pudemos apreciar uma espécie de “museu” de máquinas, alfaias e outros apetrechos dos tempos em que a agricultura era verdadeiramente artesanal, tudo em tamanho natural e a funcionar. Do “espremedor” das uvas ao “espremedor” de banha (um recipiente parecido com o do anterior, mas mais baixo e com perfurações laterais), à debulhadora, uma balança de pesos (daquelas que estão sempre calibradas…), saxadores, arado, “cangas” e “jugos” antiquíssimos, “cofinhos” dos bois, às botas de ir para o campo, à “escova” dos animais…

Este gosto do Sr. Nogueira pela preservação da memória do que foi a principal actividade da zona da Amorosa, onde reside, revela-se também no imponente espigueiro que se destaca ao lado do jardim, onde também uma pedra de espremedor serve de decoração e um tanque de pedra antigo comporta uma palmeira, numa feliz combinação entre o tradicional e o moderno, resultando numa manifestação de claro bom gosto.

A VOZ DE LEÇA agradece ao Sr. Nogueira e à D. Albina a disponibilidade e simpatia com que nos receberam.


Marina e Jorge Sequeira
in "A Voz de Leça" Ano LII - Número 4 - Junho de 2006

terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Obra do Padre Grilo - Um Lar Para Muitos Rapazes

“Eu queria uma casa onde os meus meninos, os abandonados da vida, pudessem ter uma atmosfera livre e benfazeja para se desenvolverem na santidade da sua vida.(…) Queria que crescessem sempre na ilustração da alma, na alegria da sua idade para que os possa ilustrar, educar, santificar e colocar para que sejam cidadãos prestimosos à pátria e às suas próprias almas.”

Foi desta vontade do Padre Grilo que nasceu a OBRA DO PADRE GRILO, sedeada desde 1963 na Rua DR. Filipe Coelho, em Matosinhos, mas que, 21 anos antes, fora a Obra Regeneradora dos Rapazes da Rua, sem edifício próprio, funcionando na casa do fundador.
Oriundo de uma família humilde de Ílhavo, Manuel Francisco Grilo nasce a 14 de Maio de 1888, (a mãe era padeira e o pai ‘marítimo’). Viria a ter seis irmãos e a formar-se no Seminário de Coimbra, diocese onde foi ordenado sacerdote em 1910, com 22 anos. Mas os seus tempos de estudante não foram apenas dedicados aos estudos teológicos, tendo também frequentado Agronomia e Medicina ao mesmo tempo que adquiria vastos conhecimentos musicais no seminário. Pelas suas ideias inovadoras a vários níveis, que já aplicava na ajuda aos mais desfavorecidos, incompatibilizou-se com as “altas esferas” civis e viria a ser julgado, condenado e expulso do distrito de Aveiro em 1913. Vem, então, viver para Leça da Palmeira, para casa de uma familiar, tornando-se Capelão da Capela de Santo Amaro, partindo daí toda a sua acção em Matosinhos. Entretanto compõe música e pinta.
Em 1928 funda a Conferência de São Vicente de Paulo da Juventude em Matosinhos, de que resulta a Sopa dos Pobres, que viria a alimentar e vestir cerca de 680 pessoas, na maioria da classe piscatória, que viva em grande miséria. Funda ainda um refúgio para crianças abandonadas e em 1932 as Escolas Católicas, criando ainda o Secretariado do Desemprego. Segue-se, na sua própria casa, a Obra Regeneradora dos Rapazes da Rua, em 1942, que passa depois para a Rua Roberto Ivens e finalmente consegue a “Obra que o consome e que o totaliza”, a sede da OBRA, na Rua Dr. Filipe Coelho, inaugurada a 28 de Julho de 1963.
Para conseguir levar por diante esta sua Obra, vai pedir pelas ruas, vai até às casas de jogo. Envolve-se no negócio das conservas, cujos lucros aplica na sua acção caritativa.
Morre a 1 de Novembro de 1967 e a 1 de Novembro de 1988, os seus restos mortais são transladados para a Capela da OBRA do seu próprio nome, correspondendo ao seu desejo de ficar junto dos “seus meninos”. Ali está, pois, nas palavras da Directora da OBRA, Dra. Conceição Sousa e Silva, “a velar pela Obra que em vida o consumiu e a atrair corações que se reencontram na caridade”.

Numa época em que tanto se ouve falar de crianças mal tratadas, a quem se retirou toda a dignidade, a OBRA DO PADRE GRILO é como um pequeno oásis, talvez não tão conhecido como outras instituições mais mediatizadas, mas bem familiar para a maioria dos habitantes do concelho de Matosinhos e com uma ligação especial a Leça da Palmeira, porque foi aqui que o seu fundador primeiro viveu e o nosso Pároco, Padre Lemos, é presidente da Direcção.

Há cerca de 20 anos nas funções de Directora Executiva da OBRA, a Dra. Conceição Sousa e Silva exerce-as com muito empenho e dedicação, mas sobretudo com muita alegria e é com um sorriso largo e um brilhozinho nos olhos que fala dos seus “meninos” e da OBRA. “Neste momento a OBRA é sobretudo um Lar, onde os rapazes são vestidos, calçados, têm cuidados de higiene e de saúde. Neste aspecto as coisas não são fáceis, mas ainda há quem ajude. Por exemplo, os tratamentos dentários são feitos na Clínica de Leça, por metade do custo.” Actualmente, a maioria dos rapazes tem mais de 10 anos e estão definidos três grandes grupos etários: um, dos mais pequenos até aos que andam no 4º ano, outro dos que andam no 2º ciclo e 7º/8º anos e o dos maiores que frequentam cursos técnicoprofissionais, com zona específica de quartos, horários para as refeições, salas para estudo separadas, salas de televisão, horas de deitar diferentes.
Professora de Físico-Química numa escola secundária de Vila da Feira, quando instada a comparar os seus “meninos” com os outros que tem na escola, não vê grandes diferenças, até nos problemas que apresentam. Os rapazes da OBRA frequentam as escolas de Matosinhos adequadas ao seu ciclo de ensino, sendo que é entre os que frequentam o 2º ciclo que tem surgido o problema do absentismo escolar. “Eles vão à escola mas não vão às aulas, e não temos forma de resolver este problema. Sabemos que entram na escola e que, pelo menos, ficam no recreio a jogar à bola. Isto só se resolve quando houver acordo entre os Ministérios da Educação e da Justiça, no sentido de trazer os professores às instituições para estes casos. No 1º ciclo não acontece porque as escolas são mais pequenas, é sempre o mesmo professor e controla-se melhor.”
Actualmente com cerca de setenta e cinco crianças, entre os dois e os dezoito anos, a OBRA DO PADRE GRILO trabalha em convénio com a Segurança Social, que para ali encaminha rapazes da região do Grande Porto, cujas famílias foram dadas como não capazes de lhes proporcionar um desenvolvimento saudável a todos os níveis. Enquanto que durante muitos anos os rapazes que eram acolhidos chegavam à OBRA de forma quase completamente informal, sem grandes procedimentos burocráticos, quase particularmente, hoje em dia, em especial desde que o caso da Casa Pia de Lisboa foi despoletado para o conhecimento público, o acolhimento tem que acontecer pelas vias legais e se não o for numa fase inicial, o processo tem que ser encaminhado para a Segurança Social, tão breve quanto possível. Apesar de oficialmente a OBRA também ser um centro de acolhimento temporário, diz a Dra. Conceição que “este temporário é um pouco ‘longo’. Temos aqui um rapaz que tinha 9 anos quando chegou e hoje tem 18. Está a preparar-se para voltar para a família. Vai viver com uma tia e tem já uma perspectiva de emprego, mas sei que preferia ficar…”.
A OBRA já teve Jardim-de-infância aberto à comunidade, mas com o aparecimento dos Centros de Acolhimento Temporário, onde é feito o diagnóstico inicial da situação da criança, deixou de se justificar a existência daquela estrutura, e agora os mais pequenitos frequentam o Jardim-de-infância da Paróquia, embora tenha uma Educadora de Infância em permanência e um espaço muito agradável para ocupar os seus tempos na casa.Além destas instalações, na Rua Dr. Filipe Coelho, no centro da cidade, a OBRA é proprietária de uma Quinta em Gondim, que foi adquirida por troca com umas casas e um terreno que recebera por testamento de um benemérito. È ali que é proporcionado aos rapazes um tempo de férias, todos os anos.
Recentemente a OBRA viu as suas instalações urbanas enriquecidas com o novo auditório recentemente inaugurado, que já permitiu a presença da família de muitos dos rapazes na festa de Natal.
O que ajuda a manter a Obra, além dos donativos, é um pouco de tudo o que recebem, do Continente, de padarias da zona, do Mercado da Fruta, de restaurantes. Tudo é aproveitado: as roupas e o calçado são organizadas por tamanhos de acordo com o que os miúdos vestem, os alimentos são acondicionados de acordo com as suas características e preparados com os cuidados de higiene exigidos oficialmente, já que a Inspecção-geral de Saúde também ali faz “visitas” com alguma regularidade.
Depois há uma equipa de funcionários que assegura os serviços, da cozinha à lavandaria, com horários, férias e todos os seus direitos legais assegurados, que, sob a supervisão da Dra. Conceição, tornam esta instituição numa grande família e numa retaguarda forte para aqueles rapazes aprenderem a ser homens capazes de enfrentar uma sociedade às vezes tão cruel e desumanizada.

Também ali se faz um Boletim chamado “AEIOU”, onde se noticia um pouco de tudo o que acontece na OBRA e onde todos participam, dos mais miúdos aos maiores. Tivemos oportunidade de dar um vista de olhos no último número, que era, obviamente, sobre o Natal, e lá estavam anedotas com graça, a participação de alguns miúdos em equipas do Académica de Leça, histórias sobre estrelas…

A VOZ DE LEÇA agradece a disponibilidade e simpatia da Dra. Conceição Sousa e Silva, que nos recebeu e acompanhou na visita às instalações e das funcionárias, Joana, que serviu de guia em parte da visita e Araci, que foi quem nos atendeu, e nos proporcionou um primeiro contacto com a casa.


Marina Sequeira
in "A Voz de Leça" Ano LII - Número 10 - Janeiro de 2006

quarta-feira, 31 de março de 2004

Entrevista a D. João Miranda - Bispo Auxiliar do Porto durante a Visita Pastoral de 2004

“ A EVANGELIZAÇÃO NÃO COMPETE APENAS AOS BISPOS E AOS SACERDOTES, MAS A TODOS, PELA PALAVRA E PELO TESTEMUNHO.”

A Visita Pastoral à Vigararia de Matosinhos, iniciada há um ano atrás no Padrão da Légua, terminou na nossa paróquia com a presença entre nós de D. João de Miranda, Bispo Auxiliar do Porto, entre os dias 5 e 14 de Março.

Com o trato simples, simpático e informal que caracterizou a sua estada nesta paróquia, atendeu o pedido d’A Voz de Leça para uma entrevista, onde ficam registados os princípios gerais que presidiram a esta Visita Pastoral.

A Voz de Leça (V.L.) – Um dos principais objectivos da Visita Pastoral é o de que o pastor “sinta o pulso ao seu rebanho”. Como é que o Sr. D. João sentiu “o pulso” desta comunidade de Leça da Palmeira?

D. João Miranda Teixeira – Leça é uma comunidade muito grande. Tem uma parte de gente afecta à Igreja, que normalmente a contacta e frequenta. Há um leque grande de pessoas que eu não vi nem me viram a mim e que, provavelmente, estará um pouco afastada e aí é que está o problema dos tempos actuais – é preciso não só fazer com que essa gente venha à Igreja, mas com que o sinal da Igreja esteja presente. No entanto, aqui sente-se que há um número elevado de crentes que mantém fidelidade ao Evangelho.

V. L. – Num âmbito mais alargado, o que se propõe a Igreja fazer para chamar mais crentes à prática religiosa?

D. João Miranda Teixeira – Provavelmente não é estando na posição tradicional de ficar à espera que os crentes venham por si. É o próprio Papa que diz, no início deste terceiro milénio, que é necessário que a Igreja saia e vá, como no princípio, quando foi preciso que os apóstolos saíssem e fossem evangelizar. Começaram pelas cidades. É isso que é preciso fazer, neste início do terceiro milénio – não se contentar apenas com aqueles que vêm, mas sentir que a evangelização não compete apenas aos bispos e aos sacerdotes, mas a todos de alguma maneira, pela palavra e sobretudo pelo testemunho. Os eixos da vida cristã são esses.

V. L. – Na apresentação da paróquia a V. Exa. Rev.ma, das palavras que dirigiu aos presentes pareceu que terá ficado com a ideia de que, dado o elevado número de grupos ali referido, a colaboração na paróquia estaria um pouco fragmentada. Mantém essa opinião?

D. João Miranda Teixeira – Aquela apresentação podia dar a entender que os 27 grupos ali apresentados estariam justapostos ou fragmentados. Penso que não é isso que se passa. Tal como conversei já com o Sr. P.e Lemos talvez seja agora necessário que venha a existir um Conselho Pastoral, que ajude a congregar e a programar a pastoral paroquial, unificando e também distribuindo o trabalho. A Assembleia Paroquial já existe e o sr. P.e Lemos diz que está a tentar caminhar para um grupo mais pequeno mas representativo. Cada um dos grupos existentes justapõe-se aos outros e um conselho fará com que haja representatividade de todos os grupos num grupo mais reduzido, que depois coordena o trabalho.

V. L. – A maioria das pessoas tem a ideia de que um bispo é uma pessoa distante, que diz coisas difíceis e o Sr. Bispo trouxe-nos uma imagem, de simplicidade, proximidade e até informalidade para com todos. Esse aspecto foi mais visível na visita às escolas…

D. João Miranda Teixeira – A ida a escolas ou outros lugares públicos é o pôr em prática aquilo que referi antes – o sair e ir ao encontro das pessoas, que muitas vezes não vêm à igreja. Se calhar muitos dos alunos com que contactei nas diversas escolas não tem a cultura familiar da frequência da igreja. O ir até eles um padre e um bispo, de uma forma mais ou menos definida há-de deixar “um toque” nas suas vidas.

V. L. – Na Vigararia há vários jornais paroquiais. O que pensa sobre o seu papel no “sair” para a comunidade?

D. João Miranda Teixeira – Alguns são jornais com bastante impacto, mesmo fora da paróquia a que pertencem. Alguns jornais paroquiais são simples, apenas uma “folha”. A VOZ DE LEÇA está num patamar intermédio. Acho que todos têm um lugar importante, porque chegam a casa das pessoas. Sem fazer campanhas que podem provocar reacção adversa, um jornal paroquial é um veículo que a paróquia pode aproveitar para levar até às pessoas outros factos da paróquia, outros valores humanos, sem ser apenas a missa e a procissão.

V. L. – Que balanço faz da Visita Pastoral?

D. João Miranda Teixeira – Na paróquia de Leça sente-se um grande cunho de religiosidade. Esta religiosidade pode ter dois desfechos: ou se extingue ou se fortalece. Para se fortalecer é necessária a formação pela catequese e evangelização. Há um tipo de religiosidade que se recebe da família e essa está hoje posta à prova – pode desaparecer, nomeadamente entre os jovens e adolescentes. Ou pode reforçar-se. Em Leça verifica-se uma grande presença de jovens na vida paroquial e essa presença é muito importante, porque se não houver renovação, a religiosidade envelhece com as pessoas mais velhas, e, embora não desaparecendo, fica muito reduzida.

V. L. – Gostaria de deixar alguma mensagem à paróquia de Leça?

D. João Miranda Teixeira – Uma das mensagens é no sentido de que se constitua, se for possível e quando for possível, o Conselho Pastoral, que pode ajudar a dar uma dinâmica nova à paróquia. Outra é de que a paróquia e o pároco aproveitem o sentido religioso que há nas gentes de “beira-mar”, para daí dar o salto para a consciencialização da fé. Leça da Palmeira foi marítima e agrícola, hoje recebe muita gente de fora e essa mistura carece de um trabalho de formação para construir as bases para a integração activa desses crentes na vida religiosa da paróquia que os recebe.



Marina e Jorge Sequeira


Biografia:

Nasceu no dia 1 de Dezembro de 1935 em Vila Verde, Felgueiras.
Entrou no Seminário de Ermesinde em 1948.
Terminou o curso de Teologia no Seminário da Sé em 1960.
Ordenação Presbiteral: 7 de Agosto de 1960.

Nomeações:

Em 1960: nomeado Professor e Prefeito do Seminário do Sagrado Coração de Jesus, em Gaia (1960-1963);
Em 1963: nomeado Vice-reitor do Seminário do Paraíso, na Foz;
Em 1966: nomeado Prefeito do Seminário Maior do Porto;
Em 1967: estudou em Roma, no Pontifício Ateneu Salesiano;
Em 1968: nomeado Vice-reitor do Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde (1968-1983);
Em 1983: nomeado Bispo Auxiliar do Porto, até ao presente.
Em 21 de Setembro de 1999 D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, atribui-lhe especial responsabilidade do Secretariado da Família, Secretariado dos Religiosos e Religiosas e Institutos Seculares, bem como do Renovamento Carismático.
Em 30 de Novembro de 2006 nomeado Administrador Apostólico "sede plena et ad nutum Sanctae Sedis" da Diocese do Porto.
Endereço: Casa Episcopal - Terreiro da Sé - 4050-573 PORTO Tel.: 223392330 - Fax: 223392331 - email: domjoao@diocese-porto.pt