“ A EVANGELIZAÇÃO NÃO COMPETE APENAS AOS BISPOS E AOS SACERDOTES, MAS A TODOS, PELA PALAVRA E PELO TESTEMUNHO.”
A Visita Pastoral à Vigararia de Matosinhos, iniciada há um ano atrás no Padrão da Légua, terminou na nossa paróquia com a presença entre nós de D. João de Miranda, Bispo Auxiliar do Porto, entre os dias 5 e 14 de Março.
Com o trato simples, simpático e informal que caracterizou a sua estada nesta paróquia, atendeu o pedido d’A Voz de Leça para uma entrevista, onde ficam registados os princípios gerais que presidiram a esta Visita Pastoral.
A Voz de Leça (V.L.) – Um dos principais objectivos da Visita Pastoral é o de que o pastor “sinta o pulso ao seu rebanho”. Como é que o Sr. D. João sentiu “o pulso” desta comunidade de Leça da Palmeira?
D. João Miranda Teixeira – Leça é uma comunidade muito grande. Tem uma parte de gente afecta à Igreja, que normalmente a contacta e frequenta. Há um leque grande de pessoas que eu não vi nem me viram a mim e que, provavelmente, estará um pouco afastada e aí é que está o problema dos tempos actuais – é preciso não só fazer com que essa gente venha à Igreja, mas com que o sinal da Igreja esteja presente. No entanto, aqui sente-se que há um número elevado de crentes que mantém fidelidade ao Evangelho.
V. L. – Num âmbito mais alargado, o que se propõe a Igreja fazer para chamar mais crentes à prática religiosa?
D. João Miranda Teixeira – Provavelmente não é estando na posição tradicional de ficar à espera que os crentes venham por si. É o próprio Papa que diz, no início deste terceiro milénio, que é necessário que a Igreja saia e vá, como no princípio, quando foi preciso que os apóstolos saíssem e fossem evangelizar. Começaram pelas cidades. É isso que é preciso fazer, neste início do terceiro milénio – não se contentar apenas com aqueles que vêm, mas sentir que a evangelização não compete apenas aos bispos e aos sacerdotes, mas a todos de alguma maneira, pela palavra e sobretudo pelo testemunho. Os eixos da vida cristã são esses.
V. L. – Na apresentação da paróquia a V. Exa. Rev.ma, das palavras que dirigiu aos presentes pareceu que terá ficado com a ideia de que, dado o elevado número de grupos ali referido, a colaboração na paróquia estaria um pouco fragmentada. Mantém essa opinião?
D. João Miranda Teixeira – Aquela apresentação podia dar a entender que os 27 grupos ali apresentados estariam justapostos ou fragmentados. Penso que não é isso que se passa. Tal como conversei já com o Sr. P.e Lemos talvez seja agora necessário que venha a existir um Conselho Pastoral, que ajude a congregar e a programar a pastoral paroquial, unificando e também distribuindo o trabalho. A Assembleia Paroquial já existe e o sr. P.e Lemos diz que está a tentar caminhar para um grupo mais pequeno mas representativo. Cada um dos grupos existentes justapõe-se aos outros e um conselho fará com que haja representatividade de todos os grupos num grupo mais reduzido, que depois coordena o trabalho.
V. L. – A maioria das pessoas tem a ideia de que um bispo é uma pessoa distante, que diz coisas difíceis e o Sr. Bispo trouxe-nos uma imagem, de simplicidade, proximidade e até informalidade para com todos. Esse aspecto foi mais visível na visita às escolas…
D. João Miranda Teixeira – A ida a escolas ou outros lugares públicos é o pôr em prática aquilo que referi antes – o sair e ir ao encontro das pessoas, que muitas vezes não vêm à igreja. Se calhar muitos dos alunos com que contactei nas diversas escolas não tem a cultura familiar da frequência da igreja. O ir até eles um padre e um bispo, de uma forma mais ou menos definida há-de deixar “um toque” nas suas vidas.
V. L. – Na Vigararia há vários jornais paroquiais. O que pensa sobre o seu papel no “sair” para a comunidade?
D. João Miranda Teixeira – Alguns são jornais com bastante impacto, mesmo fora da paróquia a que pertencem. Alguns jornais paroquiais são simples, apenas uma “folha”. A VOZ DE LEÇA está num patamar intermédio. Acho que todos têm um lugar importante, porque chegam a casa das pessoas. Sem fazer campanhas que podem provocar reacção adversa, um jornal paroquial é um veículo que a paróquia pode aproveitar para levar até às pessoas outros factos da paróquia, outros valores humanos, sem ser apenas a missa e a procissão.
V. L. – Que balanço faz da Visita Pastoral?
D. João Miranda Teixeira – Na paróquia de Leça sente-se um grande cunho de religiosidade. Esta religiosidade pode ter dois desfechos: ou se extingue ou se fortalece. Para se fortalecer é necessária a formação pela catequese e evangelização. Há um tipo de religiosidade que se recebe da família e essa está hoje posta à prova – pode desaparecer, nomeadamente entre os jovens e adolescentes. Ou pode reforçar-se. Em Leça verifica-se uma grande presença de jovens na vida paroquial e essa presença é muito importante, porque se não houver renovação, a religiosidade envelhece com as pessoas mais velhas, e, embora não desaparecendo, fica muito reduzida.
V. L. – Gostaria de deixar alguma mensagem à paróquia de Leça?
D. João Miranda Teixeira – Uma das mensagens é no sentido de que se constitua, se for possível e quando for possível, o Conselho Pastoral, que pode ajudar a dar uma dinâmica nova à paróquia. Outra é de que a paróquia e o pároco aproveitem o sentido religioso que há nas gentes de “beira-mar”, para daí dar o salto para a consciencialização da fé. Leça da Palmeira foi marítima e agrícola, hoje recebe muita gente de fora e essa mistura carece de um trabalho de formação para construir as bases para a integração activa desses crentes na vida religiosa da paróquia que os recebe.
Marina e Jorge Sequeira
Biografia:
Nasceu no dia 1 de Dezembro de 1935 em Vila Verde, Felgueiras.
Entrou no Seminário de Ermesinde em 1948.
Terminou o curso de Teologia no Seminário da Sé em 1960.
Ordenação Presbiteral: 7 de Agosto de 1960.
Nomeações:
Em 1960: nomeado Professor e Prefeito do Seminário do Sagrado Coração de Jesus, em Gaia (1960-1963);
Em 1963: nomeado Vice-reitor do Seminário do Paraíso, na Foz;
Em 1966: nomeado Prefeito do Seminário Maior do Porto;
Em 1967: estudou em Roma, no Pontifício Ateneu Salesiano;
Em 1968: nomeado Vice-reitor do Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde (1968-1983);
Em 1983: nomeado Bispo Auxiliar do Porto, até ao presente.
Em 21 de Setembro de 1999 D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, atribui-lhe especial responsabilidade do Secretariado da Família, Secretariado dos Religiosos e Religiosas e Institutos Seculares, bem como do Renovamento Carismático.
Em 30 de Novembro de 2006 nomeado Administrador Apostólico "sede plena et ad nutum Sanctae Sedis" da Diocese do Porto.
A Visita Pastoral à Vigararia de Matosinhos, iniciada há um ano atrás no Padrão da Légua, terminou na nossa paróquia com a presença entre nós de D. João de Miranda, Bispo Auxiliar do Porto, entre os dias 5 e 14 de Março.
Com o trato simples, simpático e informal que caracterizou a sua estada nesta paróquia, atendeu o pedido d’A Voz de Leça para uma entrevista, onde ficam registados os princípios gerais que presidiram a esta Visita Pastoral.
A Voz de Leça (V.L.) – Um dos principais objectivos da Visita Pastoral é o de que o pastor “sinta o pulso ao seu rebanho”. Como é que o Sr. D. João sentiu “o pulso” desta comunidade de Leça da Palmeira?
D. João Miranda Teixeira – Leça é uma comunidade muito grande. Tem uma parte de gente afecta à Igreja, que normalmente a contacta e frequenta. Há um leque grande de pessoas que eu não vi nem me viram a mim e que, provavelmente, estará um pouco afastada e aí é que está o problema dos tempos actuais – é preciso não só fazer com que essa gente venha à Igreja, mas com que o sinal da Igreja esteja presente. No entanto, aqui sente-se que há um número elevado de crentes que mantém fidelidade ao Evangelho.
V. L. – Num âmbito mais alargado, o que se propõe a Igreja fazer para chamar mais crentes à prática religiosa?
D. João Miranda Teixeira – Provavelmente não é estando na posição tradicional de ficar à espera que os crentes venham por si. É o próprio Papa que diz, no início deste terceiro milénio, que é necessário que a Igreja saia e vá, como no princípio, quando foi preciso que os apóstolos saíssem e fossem evangelizar. Começaram pelas cidades. É isso que é preciso fazer, neste início do terceiro milénio – não se contentar apenas com aqueles que vêm, mas sentir que a evangelização não compete apenas aos bispos e aos sacerdotes, mas a todos de alguma maneira, pela palavra e sobretudo pelo testemunho. Os eixos da vida cristã são esses.
V. L. – Na apresentação da paróquia a V. Exa. Rev.ma, das palavras que dirigiu aos presentes pareceu que terá ficado com a ideia de que, dado o elevado número de grupos ali referido, a colaboração na paróquia estaria um pouco fragmentada. Mantém essa opinião?
D. João Miranda Teixeira – Aquela apresentação podia dar a entender que os 27 grupos ali apresentados estariam justapostos ou fragmentados. Penso que não é isso que se passa. Tal como conversei já com o Sr. P.e Lemos talvez seja agora necessário que venha a existir um Conselho Pastoral, que ajude a congregar e a programar a pastoral paroquial, unificando e também distribuindo o trabalho. A Assembleia Paroquial já existe e o sr. P.e Lemos diz que está a tentar caminhar para um grupo mais pequeno mas representativo. Cada um dos grupos existentes justapõe-se aos outros e um conselho fará com que haja representatividade de todos os grupos num grupo mais reduzido, que depois coordena o trabalho.
V. L. – A maioria das pessoas tem a ideia de que um bispo é uma pessoa distante, que diz coisas difíceis e o Sr. Bispo trouxe-nos uma imagem, de simplicidade, proximidade e até informalidade para com todos. Esse aspecto foi mais visível na visita às escolas…
D. João Miranda Teixeira – A ida a escolas ou outros lugares públicos é o pôr em prática aquilo que referi antes – o sair e ir ao encontro das pessoas, que muitas vezes não vêm à igreja. Se calhar muitos dos alunos com que contactei nas diversas escolas não tem a cultura familiar da frequência da igreja. O ir até eles um padre e um bispo, de uma forma mais ou menos definida há-de deixar “um toque” nas suas vidas.
V. L. – Na Vigararia há vários jornais paroquiais. O que pensa sobre o seu papel no “sair” para a comunidade?
D. João Miranda Teixeira – Alguns são jornais com bastante impacto, mesmo fora da paróquia a que pertencem. Alguns jornais paroquiais são simples, apenas uma “folha”. A VOZ DE LEÇA está num patamar intermédio. Acho que todos têm um lugar importante, porque chegam a casa das pessoas. Sem fazer campanhas que podem provocar reacção adversa, um jornal paroquial é um veículo que a paróquia pode aproveitar para levar até às pessoas outros factos da paróquia, outros valores humanos, sem ser apenas a missa e a procissão.
V. L. – Que balanço faz da Visita Pastoral?
D. João Miranda Teixeira – Na paróquia de Leça sente-se um grande cunho de religiosidade. Esta religiosidade pode ter dois desfechos: ou se extingue ou se fortalece. Para se fortalecer é necessária a formação pela catequese e evangelização. Há um tipo de religiosidade que se recebe da família e essa está hoje posta à prova – pode desaparecer, nomeadamente entre os jovens e adolescentes. Ou pode reforçar-se. Em Leça verifica-se uma grande presença de jovens na vida paroquial e essa presença é muito importante, porque se não houver renovação, a religiosidade envelhece com as pessoas mais velhas, e, embora não desaparecendo, fica muito reduzida.
V. L. – Gostaria de deixar alguma mensagem à paróquia de Leça?
D. João Miranda Teixeira – Uma das mensagens é no sentido de que se constitua, se for possível e quando for possível, o Conselho Pastoral, que pode ajudar a dar uma dinâmica nova à paróquia. Outra é de que a paróquia e o pároco aproveitem o sentido religioso que há nas gentes de “beira-mar”, para daí dar o salto para a consciencialização da fé. Leça da Palmeira foi marítima e agrícola, hoje recebe muita gente de fora e essa mistura carece de um trabalho de formação para construir as bases para a integração activa desses crentes na vida religiosa da paróquia que os recebe.
Marina e Jorge Sequeira
Biografia:
Nasceu no dia 1 de Dezembro de 1935 em Vila Verde, Felgueiras.
Entrou no Seminário de Ermesinde em 1948.
Terminou o curso de Teologia no Seminário da Sé em 1960.
Ordenação Presbiteral: 7 de Agosto de 1960.
Nomeações:
Em 1960: nomeado Professor e Prefeito do Seminário do Sagrado Coração de Jesus, em Gaia (1960-1963);
Em 1963: nomeado Vice-reitor do Seminário do Paraíso, na Foz;
Em 1966: nomeado Prefeito do Seminário Maior do Porto;
Em 1967: estudou em Roma, no Pontifício Ateneu Salesiano;
Em 1968: nomeado Vice-reitor do Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde (1968-1983);
Em 1983: nomeado Bispo Auxiliar do Porto, até ao presente.
Em 21 de Setembro de 1999 D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, atribui-lhe especial responsabilidade do Secretariado da Família, Secretariado dos Religiosos e Religiosas e Institutos Seculares, bem como do Renovamento Carismático.
Em 30 de Novembro de 2006 nomeado Administrador Apostólico "sede plena et ad nutum Sanctae Sedis" da Diocese do Porto.
Endereço: Casa Episcopal - Terreiro da Sé - 4050-573 PORTO Tel.: 223392330 - Fax: 223392331 - email: domjoao@diocese-porto.pt