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A Equipa Redactorial

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Padre Lemos - 30 Anos de Pároco de Leça da Palmeira

O nosso Pároco completa este mês 30 anos ao serviço de Leça da Palmeira. Assumiu a nossa Paróquia em 23 de Dezembro de 1978, passando a director d’ A Voz de Leça por inerência de funções, quando o Jornal comemorou 25 anos de publicação.
Ordenado sacerdote há 55 anos, o Padre Lemos passou já mais de metade desse tempo como nosso pastor, com uma notável disponibilidade para o Senhor e para esta Comunidade. Se em 1978, quando aqui celebrou pela primeira vez, por circunstâncias da época a sua ‘chegada’ passou sem registo, quando celebrou as Bodas de Prata Paroquiais, em Dezembro de 2003,a Paróquia prestou-lhe uma mais que merecida homenagem, por toda a generosidade e entrega com que abraçou esta terra e as suas tradições, num contributo importante para a consolidação da nossa identidade cultural e social.
Hoje, é por sua vontade que não há uma comemoração formal desta data também importante – como diz o Padre Lemos, na sua habitual boa disposição’ é um ’jovem Pároco com 30 anos’. Enquanto sua Comunidade Paroquial gostávamos de o homenagear de maneira mais formal, embora saibamos como não gosta de protagonismos, como se emociona nestas ocasiões, sobretudo depois de um início de ano um em que alguns problemas de saúde o privaram do exercício pleno da sua pastoral. No entanto, não podemos deixar de o saudar nesta data, e sobretudo de lhe agradecer toda a dedicação a este Jornal e a Leça da Palmeira.
Todos quantos privam com o Padre Lemos n’ A Voz de LEÇA, na Catequese, as Confrarias, Coros e demais Grupos Paroquiais testemunham dia-a-dia essa vida de serviço a esta Paróquia, onde chegou há 30 anos e onde tem feito obra - de conservação do património religioso, mas também cuidando do “património humano”, sobretudo do menos favorecido desta nossa Comunidade.
O Padre Lemos nasceu a 13 de Junho de 1928, em Penha Longa (Marco de Canavezes) e aí sentiu o chamamento de Senhor. Frequentou os Seminários de Trancoso, Vilar e da Sé entre 1942 e 1950, foi ordenado sacerdote a 1 de Agosto de 1954. Até aqui chegar, foi professor no Seminário de Vilar, Notário do Tribunal Eclesiástico e Reitor da Igreja dos Clérigos. A par destas actividades, colaborou com o Movimento dos Cursos de Cristandade durante dezassete anos, e foi Assistente dos Cursos de Preparação para o Matrimónio e das Equipas de Casais de Nossa Senhora durante quinze anos.
Enquanto Pároco de Leça, a sua obra poderá não ser tão visível como a do anterior Pároco – mas tão importante como construir de novo é zelar para a conservação do património existente e isso tem sido feito com muita pertinência e eficácia pelo Padre Lemos. A ele se deve a recuperação das várias Capelas, (da Boa Nova, de Santa Catarina, do Corpo Santo, de Sant’Ana e da Senhora da Piedade), do exterior e interior da Igreja Matriz (substituição do telhado, reforço da segurança, restauro dos altares), muita investigação sobre a história de Leça e do seu património religioso, nomeadamente quanto à datação das origens da templo actual, (uma pequena igreja, talvez do tamanho da Capela de Santa Catarina, ou seja mais pequena do que a capela-mor actual), à configuração e dissimetria dos altares laterais, a criação do Museu Paroquial, (que é riquíssimo e só não é visível e visitável por razões de segurança). Foi da sua iniciativa que, há quase dois anos, a Paróquia ficou a conhecer e homenageou a memória do Abade Mondego, que aqui foi Pároco no início do séc. XX e uma figura importante por toda a acção que desenvolveu, enquanto sacerdote, enquanto político e cientista. Foi uma agradável surpresa para a maioria de nós conhecer a vida deste clérigo, de que apenas existe um retrato a óleo na Galeria dos Párocos.
Em Julho de 2004, foi também com o seu patrocínio que se mandou fazer e inaugurou solenemente um busto do falecido Padre Alcino Vieira, que está colocado em frente ao Salão Paroquial.
Da acção evangelizadora do Padre Lemos surgiu o Grupo de Pagens do Santíssimo Sacramento e nasceu a Comunidade de Monte Espinho, que, tendo já construída a sua Capela há alguns anos, trabalha para concretizar a outra ‘parte do ‘projecto’: a construção do seu Centro. Foi por sua iniciativa que foram recuperadas algumas actividades religiosas tradicionais de Leça – foram repostas a Visita Pascal e as Procissões dos Passos, do Senhor Morto, do Corpo de Deus e a mais antiga de todas, a do Padroeiro, S. Miguel Arcânjo. Com o P.e Lemos surgiram também as Procissões de Velas de 12 de Maio e 12 de Outubro, bem como a Procissão do Senhor do Padrão, em Parceria com a Paróquia de Matosinhos. Mas deu também continuidade à obra social que o seu antecessor deixou e se o Padre Alcino ‘construiu’ o Bairro dos Pobres, o Padre Lemos criou o ‘Dia da Caridade’, que acontece no segundo domingo de cada mês, em que os cristãos, após receberem o Pão de Deus na Eucaristia, se dão aos mais desfavorecidos através dos seus donativos. Ainda neste âmbito há a sua responsabilidade na Obra do Padre Grilo, cuja direcção assumiu pouco tempo de pois de se tornar Pároco, bem como a assistência que presta à obra do Apostolado do Mar (Stella Maris), aqui em Leça.
Neste seu caminho de consagração ao Senhor, está sempre presente a memória de sua mãe, que recorda de forma sentida, pelo exemplo de serviço aos outros e pelo testemunho de fé.
Por ocasião das suas Bodas de Ouro Sacerdotais, (que celebrou com D. Armindo Lopes Coelho), escreveu uma oração que intitulou ‘OBRIGADO, SENHOR.’, que é reveladora da sua atitude de serviço aos outros, de doação generosa a esta terra, tão diferente da sua, até pela distância geográfica, se não por tudo o resto, (o tamanho, a população, os estilos de vida, a envolvência – o mar – a proximidade com uma cidade grande…). Com esse ‘Obrigado’ curva-se perante a vontade do Senhor, num humilde agradecimento por tudo o que lhe foi dado durante aqueles 50 anos ao Seu serviço. Hoje, ao fim de 30 anos como nosso pastor e quase 55 de sacerdócio, é essa ainda e sempre a postura do Padre Lemos – de serviço aos outros para o Senhor, gratificado nessa sua missão. Foi certamente assim que sempre se viu servindo-O sem reservas, sempre ‘vendo’ a Sua acção nas mais pequenas coisas como nas mais importante.
O Padre Lemos faz também parte da história d’ A Voz de Leça, e da história pessoal de todos os que hoje fazemos e/ou fizemos este Jornal. Por seu desafio “pegamos” nele, há 23 anos. Pelo Padre Lemos continuamos, mesmo quando foi difícil, mesmo quando continuar não parecia mais possível. O seu exemplo de serviço a esta Comunidade ajudou-nos a seguir em frente e continua a congregar todos quantos, de alguma forma, se empenham na elaboração desta publicação, mês após mês.

Não posso deixar de recordar aqui o extinto Coro MILIUM, que ‘nasceu’ na primeira missa que o Padre Lemos aqui celebrou, às 19 horas de um sábado, dia 23 de Dezembro de 1978, e que desapareceu há cerca de um ano, quando, por razões de saúde do nosso Pároco, teve que haver alteração do calendário das missas do fim-de-semana.
Acabou uns dias após ter completado 29 de vida.
Fará sempre parte da história de todos quantos o integraram e do nosso Pároco também, porque apesar de não ter sido fundado por sua iniciativa, começou na sua primeira missa cá e foi ele que lhe deu o nome.

Ao Padre Lemos só podemos dizer “Muito Obrigado, por tudo” e pedir ao Senhor que o conserve junto de nós, para que o seu testemunho de vida, de pastoral religiosa e social continue a ser fonte de inspiração e de força para esta sua Comunidade Paroquial.

“9 PEÇAS” de ANTÓNIO PAIVA em 30 ANOS do G.P.T.L.

No âmbito das comemorações do 30º aniversário do Grupo Paroquial de Teatro, o encenador António Paiva, lançou, a 8 de Novembro, uma colectânea das nove peças de teatro que escreveu para o G.P.T.L., nos últimos 10 anos.
O lançamento decorreu no Salão Paroquial, no mesmo palco que é o seu ‘chão’ – ali se passa tudo: ali se ensaia semana após semana, ali se constroem cenários, ali se sente o ‘nervoso miudinho’ em dia de estreia, ali se ‘solta’ a arte em cada representação, ali o G.P.T.L. recebe os seus ‘convidados’, que, desde 1986, cá têm vindo aos “Encontros” de Teatro.
Na plateia da Salão, nessa tarde particularmente fria, estiveram os actuais componentes do Grupo Paroquial de Teatro, mas também quase todos os outros actores e actrizes que por ele passaram e que não quiseram deixar de dizer ‘presente’ num momento importante para o Paiva e para o Grupo. Assim, foi rodeado de amigos, numa cerimónia simples e informal que António Paiva concretizou o sonho de ver o seu trabalho publicado.
António Chilro abriu a sessão saudando os presentes, em especial os antigos membros do G.P.T.L., e felicitando o encenador pela sua dedicação ao Grupo e ao Teatro.
Luísa Paiva, presidente do G.P.T.L., recordou a fundação do Grupo de uma perspectiva mais pessoal e familiar, como é natural, e agradeceu o empenho de todos para que a publicação da colectânea fosse possível.
Seguiu-se a homenagem sentida de um outro homem de Teatro – Alfredo Correia, actor e encenador, ele próprio director artístico do AMASPORTO – festival de Teatro de Ramalde, que atribuiu ao António Paiva, em 1999, o “Prémio Talma”. Este prémio destina-se a reconhecer homens e mulheres do Teatro Amador que de alguma forma contribuíram para o prestígio do Teatro associativo e para o desenvolvimento local em que se inserem. Dirigindo-se aos “amigos do Teatro e aos companheiros de outros palcos”, Alfredo Correia, que escreveu o prefácio da colectânea “9 Peças”, fez o elogio do seu ‘companheiro’ de arte e do G.P.T.L. pelo contributo para “o enriquecimento da Dramaturgia Portuguesa, em particular os Amadores, o Teatro Associativo” e pelo “exemplo a seguir, pelo que dignifica o bom nome do Teatro de Amadores. O António Paiva é merecedor deste reconhecimento, o que me leva até 1999, quando o AMASPORTO lhe atribuiu o “Prémio Talma” e me faz sentir ainda mais orgulhoso por me ter escolhido para escrever o prefácio. Foi com prazer que o fiz e sinto-me honrado com isso. António Paiva, com esta maneira particular de escrever para o seu Grupo representar, tem uma atitude generosa que traduz bem a paixão que nutre pelo seu Grupo de Teatro, como se de uma família se tratasse. Trabalha de forma incansável, ‘esgravatando’ aqui e ali, coisas e causas, temas e ideias, para levar para ‘casa’ e, assim, poder ‘sustentar’ melhor a sua família teatral, que há 30 anos criou e dirige, na certeza de que os seus companheiros de palco e equipa técnica vão gostar desse ‘pão cultural’ e o vão consumir artisticamente. É com esta forma de estar no Teatro que o António Paiva é um contributo cultural precioso, tanto para a sua família teatral como para quantos se consideram ‘Amantes de Talma*”. (…) “Também estou certo que os mais pequenos – crianças, adolescentes e jovens que pela sua mão têm aprendido a caminhar nas tábuas do palco, vão, um dia, quando mais crescidos, já com os seus cursos superiores concluídos, poder dizer que valeu a pena estar no Teatro de Leça, porque aprenderam a estudar melhor e a crescer como gente.” Depois citou partes de um manifesto, por si redigido em 1997, que consta dos programas do AMASPORTO, para vincar o papel importante que o Teatro Amador pode ter na formação de cidadãos: “…o Teatro de Amadores das Associações tem de facto um ‘papel principal’ no desenvolvimento cultural dos locais e regiões onde está inserido. (…) “… tal como no Ensino Básico, o Teatro Associativo é uma ‘escola’ necessária no desenvolvimento social…” (…) “A criatividade, o espírito de sacrifício, a solidariedade, quando aliados a uma saudável aprendizagem associativa, são verdadeiramente bases socioculturais importantes que o Teatro coloca à disposição da sociedade, substituindo, em grande medida, o ‘papel principal’ dos governantes.” Terminou apelando ao “quanto é importante saber o que é a responsabilidade de ser AMADOR DE TEATRO, porque o Teatro de Amadores das Associações – o TEATRO ASSOCIATIVO – é de facto, e sem demagogias, uma grande ‘escola de humanização’ para a vida social, cultural e associativa. O António Paiva é um importante prestador de serviço do Teatro Associativo, que devemos preservar e conservar. É um privilégio tê-lo no seio da Família Teatral Associativa. Obrigado António Paiva.”
Muito aplaudido, António Paiva agradeceu a presença de todos, actuais e antigos membros do G.P.T.L. Passou, então, a explicar o que o levou a tornar-se autor. Como é costume dizer-se ‘a necessidade aguça o engenho’ e foi o que aconteceu naquele caso. Há cerca de 10 anos, quando no G.P.T.L. havia mais actrizes que actores, perante a dificuldade em arranjar peças com predominância de papéis femininos, já que em tudo o que havia, a maioria esmagadora eram papéis masculinos, pôs a si próprio o desafio de escrever para a ‘sua gente’. Não foi fácil, mas os muitos anos de Teatro, a ‘mexer’ com as peças dos ‘outros’, deram-lhe algum traquejo e já vão nove. Referiu também os apoios de algumas firmas, enfatizando a importância do apoio prestado pela Junta de Freguesia, ali representada por Luís Soares, sem o qual nada teria sido possível. Do representante da Autarquia de Leça vieram palavras de elogio pelo trabalho em prol do Teatro e da elevação do nome de Leça da Palmeira.
Seguiu-se um ‘porto de honra’ no átrio do Salão, durante o qual todos os antigos membros do G.
P.T.L. e os convidados receberam um exemplar do “9 Peças”.
Conversando em particular com António Paiva, já depois do lançamento da colectânea, recordou para A Voz de Leça a génese do Grupo, em 1978, exactamente no dia 5 de Outubro desse ano, no encerramento de um encontro de antigos membros da JOC, (Juventude Operária Católica). Inicialmente Grupo de Acção Paroquial, (G.A.P.), o Teatro era apenas uma actividade do Grupo, já que dele nasceu igualmente a chamada ‘Escola de Leitores da Liturgia’ e o que viria a ser o ‘Centro de Dia da Terceira Idade’, hoje a funcionar em instalações próprias. Como o Teatro estava na vida do Paiva desde a sua primeira juventude as outras vertentes do G.A.P. tinham ganho autonomia, começava ali um percurso, hoje com 30 anos, impulsionado também pelo apoio do Capitão Abreu e Sousa.
Uma das dificuldades iniciais foi, precisamente a falta de actrizes, pois naquela época as jovens ficavam mais por casa e estava fora de questão sair à noite – e os ensaios eram, como hoje, à noite. Daí que, mesmo os pouco abundantes papéis femininos não eram fáceis de atribuir e “…quando havia papéis de raparigas jovens, eram as actrizes, às vezes com mais de trinta anos, que os tinham que fazer.” Com o passar do tempo, os costumes foram-se alterando, a mulher passou a sair mais, logo a participar mais em actividades culturais e o défice passou a ser de homens / actores, que é o que ainda acontece hoje em dia. Daí a necessidade que sentiu, de, em 1998, escrever para Teatro, usando a sua experiência de muitos anos. “Aos 19 anos já fazia Teatro, primeiro na JOC, depois num grupo que havia em Gonçalves e mais tarde no Rancho Infantil de Matosinhos. Era para ir para o Aurora da Liberdade, mas aí entrou a velha rivalidade entre Leça e Matosinhos e acharam que não precisavam de gente de Leça. (…) Escrever para Teatro não foi fácil. Eu às vezes criticava os autores, achava que ‘ganhavam à linha’; as peças eram muito longas, até repetitivas. Enquanto encenador fiz e faço cortes, muitas vezes. Esse ‘mexer’ com textos de outros deu-me alguma experiência.”
A primeira peça que escreveu, “O Retrato”, que envolvia 14 actores e actrizes, sendo uma comédia como todas as outras de que é autor, foi a de que mais gostou. “As outras são, se calhar, mais engraçadas, mas aquela tem o chamado ‘humor britânico’, de piada indirecta.”
A inspiração para a escrita pode ser de vária ordem, por exemplo, “A Ressurreição de Alguns” surgiu após a leitura de um artigo sobre a sempre polémica ‘doação de órgãos’.
Ser o próprio encenador do Grupo a escrever a peça tem vantagens, “…porque escrevo para quem tenho. Se eu sei que no próximo ano alguém não vai poder estar, por variadíssimas razões, já sei com quem conto e evito a questão de ter que andar à procura de peça ou de ter que fazer muitas adaptações. Posso, inclusivamente, adaptar o papel às características físicas de quem o vai fazer.”
Quando se referiu à primeira peça que escreveu, António Paiva afirmou “A partir daí, ganhei gosto.”
Do entusiasmo com que fala da sua vida ‘no palco’, porque é ao Teatro que dedica todo o seu tempo, percebe-se o que quer dizer com aquela frase simples.
O Paiva vai, certamente, continuar a escrever para o ‘seu’ Grupo e vai continuar a sonhar.

Parabéns pela dedicação e talento.
Parabéns ao G.P.T.L.

Marina Sequeira in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 9 - Dezembro de 2008
* François Joseph Talma – actor amador francês nascido no século XVIII, que s estreou na Comédie-Française aos 24 anos. Foi pioneiro do realismo nos cenário e trajes, o que foi uma novidade no Teatro do século XVIII. Amigo de Napoleão Bonaparte e de outros revolucionários, Talma acabaria por ter um papel importante na reforma do Teatro francês.

Engº Pinto de Oliveira - O Presidente

Foi o tema de abertura das conferências sob o tema “Ilustres Leceiros” promovidas pela Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, que levámos a efeito no último dia 8 de Novembro.
FERNANDO PINTO DE OLIVEIRA, era filho de Alfredo Pinto de Oliveira e de D. Cacilda Leite Ferraz Vieira de Oliveira, nascido em Leça da Palmeira, a 15 de Setembro de 1911, numa casa da Rua Direita, hoje, com o n.º 66.
Pertenceu a uma família que sempre serviu a terra, pois era bisneto de Maria Francisca dos Santos Pinto de Araújo, benemérita leceira responsável por um dos restauros da nossa Igreja, onde existe uma placa assinalando tal facto. Era sobrinho-bisneto de João Pinto de Araújo que para além de um restauro da igreja também mandou construir o miramar na antiga barra do Leça e que hoje se encontra na nossa praia, devido às obras de construção do Porto de Leixões.
São indissociáveis do Eng.º Fernando Pinto de Oliveira seus irmãos, D. Maria Lina Cameira e o General Alfredo Pinto de Oliveira.
Foi baptizado na Igreja Matriz de Leça da Palmeira pelo Abade José dos Santos Mondego.
Fez a instrução primária no “Colégio Modelar” da D. Marquinhas Pires, na Rua Direita, onde completou com distinção a 4.ª classe (2.º grau).
Fez o ensino secundário no Liceu Rodrigues de Freitas, antigo D. Manuel II, na cidade do Porto.
Posteriormente frequentou o Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, onde em 1938 se licenciou como Engenheiro Agrónomo, tendo apresentado como dissertação final do curso um pormenorizado trabalho efectuado nos Laboratórios do Instituto dos Vinhos do Porto, intitulado “Subsídios Para o Estudo das Substâncias Azotadas, nos Vinhos do Porto” e publicado nos Anais deste instituto em 1942.
Também prestou serviço militar e de 1943 a 1950 desempenhou diversas funções públicas relacionadas com o seu curso.
Em 1950, entrou para a Câmara Municipal de Matosinhos para vereador do então Presidente Dr. Fernando Aroso, tendo ocupado a presidência da Comissão Municipal de Turismo, onde exerceu uma acção relevante, criando o Posto de Turismo, no Mercado de Matosinhos, onde além de outras actividades se realizaram exposições de arte permanentes.
Ocupou também o cargo de vice-presidente, tendo sido leal adjunto de Fernando Aroso, o que fez com que após a morte deste, muito naturalmente fosse nomeado, por escolha governamental, para o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.
Se ao Dr. Fernando da Hora Aroso podemos atribuir a pavimentação a cubos de granito das principais estradas do concelho, ao Eng.º Fernando Pinto de Oliveira devemos atribuir uma série de melhoramentos na vertente turística, estando ainda hoje a sua obra como edil à vista dos olhos de todos, sendo algumas delas visitadas por estrangeiros e nacionais que aqui se deslocam para as admirar.
Estamos a falar, nomeadamente, da Casa de Chá da Boa Nova, da Piscina de “Marés”. Devendo-se-lhe também a aquisição das Quintas da Conceição de Santiago, e Parque de Campismo de Angeiras.
Contudo o grande sonho do Eng.º Pinto de Oliveira era o de tornar os terrenos a Norte do Farol da Boa Nova uma zona de lazer, eventualmente num campo de “golf” municipal; por isso logo que soube que o governo de então aí ia instalar uma empresa petrolífera, a então Sacor, partiu para Lisboa numa derradeira tentativa de evitar a destruição do planalto da Boa Nova. Não conseguiu demover a inabalável decisão do governo! Recusou-se a aceitar a vinda desse empreendimento; porém, o absurdo concretizou-se pela força dos seus promotores e, o que era o maior pulmão da cidade de Matosinhos, veio a transformar-se na sede do maior dos seus poluidores.
Perante a insistência governamental, aceitou a SACOR, mas recusou-se a assistir à sua inauguração, o que talvez lhe tenha valido a não renovação do mandato, deixando assim a Câmara em 1970, após doze anos de brilhante serviço à sua terra com total dedicação.
Faleceu no dia 1 de Março de 1975, com 63 anos de idade e assim se encerrou um projecto, um percurso que iria dar a Matosinhos um aspecto bem diferente, pois sabe-se hoje que o turismo é a indústria do século XXI, o que nos leva a afirmar com toda a convicção que com a política que desenvolveu, o Eng.º Fernando Pinto de Oliveira estava adiantado 50 anos no seu projecto para Matosinhos.

Engº Rocha dos Santos in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 9 - Dezembro de 2008

domingo, 30 de novembro de 2008

XXII Encontro de Teatro - Leça 2008

Prossegue o 22º Encontro de Teatro LEÇA 2008 até ao final deste mês de Novembro, organizado pelo Grupo Paroquial de Teatro de Leça, que este ano celebrou já 30 anos de existência.
Pelo palco do Salão Paroquial de Leça têm passado os Grupos convidados pelo G. P. T. L., com peças de muita qualidade - da Associação Recreativa “Os Plebeus Avintenses”, que a 11 de Outubro abriu o Leça 2008 com a peça ‘Um Filho’, de Luísa Costa Gomes, passando pelo Teatro Amador de Gulpilhares com ‘O Morgado de Fafe na Foz’, de Camilo Castelo Branco, o Grupo Mérito Avintense, que levou à cena ‘O Juiz das Borracheiras’, a Escola Dramática Valboense que apresentou ‘O Gato’, de Henrique Santana, até ‘Similis Similibus’, de Júlio Dinis, pelo Grupo Cultural da Louricoop e ‘O Bom Patife’, de José Manuel Barros, pela Nova Comédia Bracarense, tem havido muita arte nos serões de sábado.
O Leça 2008 caminha para o fim, não sem que antes possa ser vista a peça ‘Mar’ pelo Teatro Experimental de Mortágua, encerrando a edição deste ano o anfitrião/organizador – o G. P. T. L. apresenta três pequenas peças de um acto, no dia 29 de Novembro: ‘O Triunfo das Personagens’, o ‘Consultório’ e ‘O Poço’.
Parafraseando o Coordenador do Leça 2008, António Paiva, na introdução ao Programa oficial, “Este evento cultural é já uma referência no panorama teatral na região do Grande Porto.”

Venha ao Teatro e divirta-se!

Marina Sequeira in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 8 - Novembro de 2008

Festa do Crisma em Leça da Palmeira

No último domingo de Outubro, dia 26, dois acontecimentos tiveram lugar, em simultâneo, na nossa igreja matriz: a Celebração do Crisma e o XXXI Encontro de Coros da Vigararia. A celebração eucarística, que teve início às 16 horas, foi presidida pelo Senhor Bispo Auxiliar do Porto, D. João de Miranda, e animada por um ‘monumental’ coro de coros, numa coincidência oportuna e feliz.
Receberam o sacramento do Crisma cerca de 120 jovens e adultos provenientes não só de Leça da Palmeira, mas também das Paróquias de Perafita, Senhora da Hora, Matosinhos e S. Mamede de Infesta, tendo os respectivos Párocos concelebrado com o Senhor Bispo.
O coro, com mais de cento e quarenta coralistas provenientes de coros paroquiais da Vigararia, ficou colocado ao longo da nave lateral esquerda da igreja e foi dirigido pelo Professor Emanuel Pacheco. Cantou esplendorosamente bem, acrescentando solenidade à cerimónia, já que todos os cânticos foram adequados à liturgia Crismal, podendo dizer-se que dadas as ímpares condições de acústica da igreja de Leça, se o tivesse feito a partir do coro-alto, talvez o canto, que também “é louvor a Deus”, tivesse resultado ainda mais majestoso.
Mas toda a celebração esteve centrada na administração do Crisma ao grupo de crismandos, na sua maioria jovens rapazes e raparigas que concluíram dez anos de Catequese este ano e em anos anteriores.
E foi em especial para os jovens que D. João de Miranda falou na homilia que proferiu, lembrando João Paulo II no seu optimismo constante em relação à juventude e exortando todos a ser apóstolos, sobretudo através do exemplo de vida que cada um seja capaz de dar. Terminou saudando o coro de coros pelo seu Encontro anual.

Toda a cerimónia decorreu com muita ordem e compostura por parte de todos, sendo de realçar o contacto de proximidade de D. João de Miranda para com todos os crismandos e não só, a quem cumprimentou individualmente, ainda dentro da igreja no fim da celebração, tendo-se esse contacto prolongado ao adro da igreja, onde se aglomeraram os crismados, suas famílias e outros presentes, que tiveram oportunidade de ‘conviver’ brevemente com o Senhor Bispo.
Aquela tarde de Outubro foi, certamente, uma ocasião inesquecível para todos, especialmente para os crismados, neste momento tão especial de manifestação da sua fé.



HOMILIA DO SR: BISPO D. JOÃO DE MIRANDA NA CELEBRAÇÃO DO CRISMA

Derramarei o meu Espírito sobre todo o ser vivo: os vossos filhos e as vossas e as vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões…
Temos diante de nós um bom grupo de jovens que o cuidado pastoral dos Párocos e catequistas preparam para o sacramento do Crisma.
Como escreveu João Paulo II, não há razões para criar uma visão pessimista sobre a gente nova… Se Cristo lhes for apresentado com o seu verdadeiro rosto, os jovens reconhecem-no… Por isso lhes digo: Fazei-vos sentinelas da manhã nesta aurora do novo milénio (NMI, 9)
O crisma é um sacramento do Espírito Santo. Quer dizer que comunica o Espírito Santo e os seus sete dons, para proveito espiritual de quem o recebe. O Espírito santo, Terceira Pessoa da SS. Trindade, é Espírito prometido, espírito enviado, espírito recebido…
Espírito significa sopro, vento, alma… É fogo vindo do céu para aquecer, purificar, desenferrujar almas e corações empedernidos.
O Espírito vence a espessura da noite e uma língua de fogo inumerável purifica, renova, acende o mistério criado (Hino de Domingo, Hora intermédia).
O Espírito santo é espírito prometido. Prometido já pelos profetas do Antigo Testamento.Por exemplo, pelo profeta Joel que hoje lemos. Ele diz: Nos últimos tempos, derramarei o meu espírito sobre todo o ser vivo: vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões (Joel 3,1). E Ezequiel: Dar-vos-ei um coração novo… Arrancarei do vosso peito o coração de pedra a dar-vos-ei um coração de carne. Infundirei em vós o meu espírito… (Ezequiel 36, 24).
É espírito prometido pelo próprio Cristo. Por isso, Jesus tinha dito: Quando Eu for para o Pai, enviar-vos-ei o Paráclito, o Espírito da verdade, que vos enviarei de junto do Pai (João 15,26; 16,7)
Foi prometido para renovar a criatura humana e, por ele, toda a criação… É espírito de verdade, de consolação e também de impulso forte para a nova evangelização, para a missão. Estamos a viver um Ano Paulino, durante o qual somos convidados a “aprender a missão com S. Paulo”.
Vejamos então.
A verdade maior de todas as religiões é a Fé em Deus.
A verdade maior do Cristianismo é a Fé em Jesus, Filho de Deus encarnado, que morreu e ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.
A Ressurreição de Jesus não convenceu de vez os seus próprios apóstolos. As aparições do Ressuscitado confirmaram a fé abalada dos discípulos mas não os levou a saírem à rua.
O Espírito foi enviado. Cinquenta dias depois da Páscoa, o Espírito Santo desceu do céu sobre os Apóstolos e Maria reunidos no Cenáculo de Jerusalém. E logo saíram para fora e davam testemunho das maravilhas de Deus.
A que se deveu esta mudança de atitude dos Apóstolos?
À presença do espírito Santo. Daí em diante, a Igreja cresceu, tomou atitudes mesmo perante as autoridades de então, sofreu perseguições e surgiram os mártires da fé. Primeiro Estevão, depois os apóstolos, a seguir muitos outros, que deram o seu sangue por manterem viva a fé na ressurreição.
Então isto que significa?
Significa que é fundamental para a Igreja e para cada um dos cristãos o Pentecostes, a acção do Espírito de Deus nos baptizados e nas comunidades. Não é, portanto, diletantismo ou mania, não é porque se chegou ao fim da catequese que os párocos de Matosinhos promovem a celebração do Crisma.
É, sim, porque o ESPÍRITO é a ALMA da Igreja. Sem Ele, a Igreja torna-se uma estrutura sem vida. Pode ser que faça muitas coisas, muitas construções e obras materiais, muitas celebrações e festas. Se não entregar nas mãos do Espírito, é um corpo sem alma, sem chama, sem sentido de missão. Bem avisou João Paulo II: devemos reviver em nós o sentido ardente de Paulo que o levou a exclamar: Ai de mim, se não evangelizar!... É preciso um novo ímpeto apostólico… Cristo há-de ser proposto a todos com confiança: aos adultos, às famílias, aos jovens, às crianças, sem nunca esconder as exigências mais radicais da mensagem evangélica… (NMI, 40)
É Espírito recebido. Ele é a ALMA da Igreja. Foi da sua experiência e da inspiração divina que Paulo arrancou a teologia da Igreja como Corpo d Cristo: um Corpo estruturado, hierarquizado, no qual todos têm lugar, conforme os carismas e graças que o Espírito Santo distribui a cada um. O Corpo é um só e tem muitos membros, mas é o mesmo Deus e o mesmo Espírito que realiza tudo em todos.
Então nós fazemos parte dos operários da vinha que foram convidados pelo Senhor para a faina da sementeira e da colheita. Somos operários da construção, sempre em actividade e sempre por concluir, até que chegue o reino definitivo.
O Espírito Santo é o “Mestre interior” de cada cristão, é, como lhe chamou Jesus, o Advogado, o Paráclito, O Consolador, o animador da fé e de testemunho da fé de cada crente. Temos de dar tempo a Deus, à oração, à vida interior, à formação e instrução de fé, mesmo depois do Crisma. Se não, nada resulta e o nosso cristianismo torna-se ou uma prática de rotina ou uma religião quase pagã.
Do EVANGELHO: Amarás o Senhor, teu Deus…
Deus é amor: O Pai é amor, o Filho é graça, o Espírito Santo é comunhão. Oh Santíssima Trindade! Nada podemos fazer na vida de mais importante do que amar. Deus é amor. O amor dos esposos, dos pais e dos filhos, dos cristãos entre si são reflexos do amor de Deus. Amarás! É um mandamento, uma vocação e um desafio. Porque não se ama de qualquer maneira. Amar é dar-se sem esperar resposta, gratuitamente. Assim como Deus faz: ama sem medida, para que amemos. Mas se não amarmos, ele continua a amar. Indefinidamente. Deus não pode senão amar.
Meus caros jovens crismandos:
Escutemos então a voz do Mestre: Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração… É o primeiro e principal mandamento. Deus quer ter um lugar no nosso coração e na nossa vida. Mas, para isso, é necessário que o coração esteja vazio de todas as futilidades. Enchemo-lo com tanta coisa que não presta e depois sentimos no ar, na alma e na língua o gosto amargo da desilusão.
O Espírito Santo vai fazer com que fiqueis mais ligados a Cristo e ao seu Corpo místico que é a Igreja; vai fazer com que tenhais outra fortaleza interior para resistir às paixões, às tentações do mundo, do demónio e da carne; vai fazer com que ganheis coragem para serdes apóstolos que difundem a fé por palavras e com a vida.
Os vossos filhos e filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões (Joel).
Para sonhar e ter visões, é preciso antes de mais entender por dentro o sentido das palavras e dos sacramentos. Hoje a liturgia não é em latim como antigamente. Mas não adianta muito ser em português, se não se captar o significado profundo das palavras e dos gestos. Não basta receber os sacramentos. Muitos crismandos fizeram a renovação da Profissão de Fé e das Promessas do Baptismo, mas não se comprometeram. Disseram as palavras mas não as sentiram. Não abriram o coração e assim o Espírito foi-lhes dado mas ficou de fora da morada interior. O que é que lhes faltou? Foi renascerem, como S. Paulo, no caminho de Damasco: cair abaixo do cavalo da sua importância, do egoísmo e abrir-se a Deus.
Roguemos a S. Paulo que estes crismandos de hoje sintam a alegria da fé e o gosto de dar testemunho de Cristo, sobretudo junto dos outros jovens!
Resta-me dizer uma palavra de apreço e felicitação aos Coros que hoje aqui vieram animar solenemente esta celebração eucarística. O canto litúrgico é louvor a Deus e alegra a alma dos crentes. Bem hajam!

Marina Sequeira in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 8 - Novembro de 2008

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Mãos de Fé aos Olhos de Deus

Parcas seriam as palavras para descrever o empenho e generosidade que duas dedicadas senhoras da nossa Paróquia empregam no árduo trabalho que é, decorar os andores da Procissão de S. Miguel e a maior parte dos altares da nossa Igreja Matriz. Falamos da Ascensão e da Rosarinho, que às vezes com muito sacrifício, arriscando a própria saúde física, conseguem imaginar, inventar, reinventar e decorar com amor e dedicação os nossos altares e os nossos andores.
Não raras vezes, entrei na Igreja Matriz e ouvi alguns paroquianos e forasteiros dizerem que os altares estão muito bonitos e até que deve custar uma fortuna à Paróquia pagar o trabalho da “empresa” que faz as decorações. Pois bem, nada é mais falso. O trabalho destas duas senhoras é gratuito, fazem tudo por amor a Deus, como sempre gostam de afirmar. E foi num desses dias, muito perto do dia grande da Festividade de S. Miguel que as encontramos, ajoelhadas ao Altar-mor a preparar a Mesa da Celebração. Foi então que pude observar com mais detalhe o excelente trabalho que estavam a executar. Não resisti e logo ali decidi que neste número, mais do que descrever pormenorizadamente todo o programa das Festividades em Honra de São Miguel Arcanjo, que sendo, sem dúvida, de singular importância, seria também oportuno mostrar a todos, em detalhe, os extraordinários arranjos das flores de pano e decoração dos Andores e a decoração dos Altares. É através das imagens, da observação detalhada dos pormenores que nos apercebemos do bom gosto, do carinho e do amor que estas duas senhoras dão e continuarão a dar à nossa Paróquia. Refira-se o pormenor do ramo de azinheira e dos lenços brancos no andor de Nossa Senhora de Fátima, a lembrar a Cova da Iria e as Procissões de Velas e do ‘Adeus’ à imagem da Virgem. Também o andor de S. Miguel foi decorado a preceito, com a abóbora e as uvas (havia um cacho de uvas verdadeiro...), a lembrar as colheitas, próprias desta época. Todos os andores apresentavam pormenores alusivos às figuras da Igreja que as imagens representam ou aos altares onde as mesmas se encontram habitualmente. Nada foi deixado ao acaso, o que diz muito da dedicação das duas senhoras. Convém ainda salientar o acompanhamento que é dado pelo Sr. José Soares na pintura das flores de pano, no trabalho manual que vai fazendo para que os arranjos florais dos Andores tenham aquele toque de classe por todos extremamente apreciados. É pois, através dessas imagens que preenchem as páginas do nosso Jornal, porque também é importante reconhecer publicamente o trabalho de quem todas as semanas se dedica de alma e coração ao serviço de Deus e da Sua Igreja.

José Eduardo Sousa
in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 7 - Outubro de 2008

Procissão em Honra de de S. Miguel Arcanjo - 2008

A devoção de Leça da Palmeira a São Miguel Arcanjo vem de tempos quase imemoriais, pois datam do século XIII os documentos mais antigos que contêm registos de várias designações toponímicas, desde S. Miguel de Palmeira a S. Miguel de Bouças e S. Miguel de Moroça.
Nosso Padroeiro, S. Miguel, cujo nome significa “ quem como Deus”, é também o Padroeiro e Guardião da Igreja Católica universal. Mostrado na arte litúrgica da Igreja como um anjo segurando uma espada ou lança, um escudo e uma balança, aparece igualmente associado a grandes figuras históricas, como Joana D’Arc, a quem terá inspirado na sua luta para salvar a França, durante a Guerra dos Cem Anos.
O seu Dia é 29 de Setembro, quando é celebrado em conjunto com S. Rafael e S. Gabriel, os três gloriosos Arcanjos: S. Miguel, o príncipe da milícia Celeste, aquele que derrotou o mal, S. Gabriel e S. Rafael.

Este ano, o dia 29 calhou numa segunda-feira, o que fez com que a Procissão do padroeiro acontecesse antes do dia festivo. Na missa solene em sua honra foi recitada a ORAÇÃO A S. MIGUEL, que era rezada em todas as celebrações eucarísticas antes da Reforma da Igreja.

Marina Sequeira
in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 7 - Outubro de 2008



Oração a São Miguel Arcanjo
“São Miguel Arcanjo,
defendei-nos neste combate, sede nossa guarda contra a maldade e ciladas do demónio.
Instante e humildemente pedimos que Deus sobre ele impere; e vós, príncipe da milícia celeste, com o poder divino, precipitai no inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos, que vagueiam pelo mundo para perdição das almas. Amén.”



Fotos da Procissão em Honra de São Miguel Arcanjo 2008



























Os Nossos Andores