Tal como em anos anteriores, decorreu entre os dias 27 de Julho e 5 de Agosto o Festival Internacional de Artes e Tradição Populares de Matosinhos, vulgarmente conhecido por FESTARTE. Ao longo de 10 dias foi possível apreciarmos a beleza dos trajes, as danças, a música, o artesanato e gastronomia da Espanha, Equador, Eslováquia, Argentina, México, Roménia e Suíça. O FESTARTE teve início, como é habitual, com o hastear das bandeiras dos países e hinos nacionais na sexta-feira dia 27, no adro da Igreja Matriz. Ali houve oportunidade para vermos de perto e pela primeira vez os Grupos que nos visitaram. À noite, também como é habitual, realizou-se a Gala de Abertura na Praça da Cidadania em S. Mamede Infesta. Sábado de manhã foi o dia dedicado ao Encontro Internacional de Etnografia e Folclore, no Auditório Infante D. Henrique, na APDL, onde foi possível perceber com detalhe as tradições e os costumes destes países através de pequenas alocuções proferidas pelos responsáveis dos grupos. Sábado foi também o dia em que abriu a Feira de Artesanato (ver caixa). Domingo foi, naturalmente, o dia grande do FESTARTE. O dia começou bem cedo para todos, com a participação na Eucaristia, onde sobretudo se pôde apreciar o Ecumenismo entre religiões e mais uma vez se ouviu a música e o canto de todos os países participantes. De tarde, houve o já habitual desfile pela Avenida Dr. Fernando Aroso, que terminou no adro da Igreja Matriz. Foi a oportunidade para mais uma vez apreciarmos a alegria e a dança, mas sobretudo a boa disposição de todos os Grupos participantes, apesar do intenso calor que se fez sentir. Os Grupos foram ainda recebidos no Salão Nobre da Junta de Freguesia pelo Presidente da Autarquia Leceira, Dr. Pedro Tabuada. Seguiu-se o XX Festival Internacional de Folclore de Leça da Palmeira, no Parque Eng. Fernando Pinto de Oliveira, que contou naturalmente com os Grupos estrangeiros e ainda com o Rancho Folclórico “Os Pastores de S. Romão” – Seia, Rancho Folclórico da Casa do Povo de Lanheses – Viana do Castelo e Rancho Típico de Santa Maria da Reguenga – Santo Tirso, para além, é claro, dos Grupos organizadores do FESTARTE, o Rancho Típico da Amorosa – Leça da Palmeira e o Rancho Típico de S. Mamede Infesta. À noite teve lugar o já tradicional Baile Folk na Escola EB 23 de Leça da Palmeira. Na segunda-feira, dia 30, o FESTARTE deslocou-se ao Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, para a Recepção Oficial do FESTARTE, onde estiveram presentes todas as forças vivas do Concelho e o onde o Presidente da Câmara apresentou cumprimentos e enalteceu o espírito do evento, enriquecido pelo intercâmbio cultural. Terça-feira, como já vem sendo hábito, foi o dia livre, durante o qual os Grupos puderam desfrutar de algum descanso merecido. Quarta-feira foi outro dia em cheio na programação do FESTARTE, com a Gala para a Terceira Idade, realizada no Auditório Mário Rodrigues Pereira em Lavra e à noite com os recitais de música tradicional nas Igrejas de Leça da Palmeira, Santa Cruz do Bispo e Guifões (ver caixa). Na quinta-feira deu-se inicio ao Festival Internacional de Gastronomia, com a participação de alguns restaurantes de Leça e Matosinhos a contribuírem com o seu espaço para os Grupos poderem confeccionar as suas iguarias podendo a população apreciar os gostos e os sabores dos países representados no FESTARTE. O Festival de Gastronomia continuou na sexta-feira. Sábado foi o dia consagrado às famílias, quando a população pôde receber em suas casas elementos dos Grupos que nos visitaram, para um almoço que, com certeza, marcou para sempre todos aqueles que se quiseram associar a esta iniciativa. Ainda no Sábado, realizou-se o Festival Internacional de Folclore em S. Mamede Infesta, terminando o FESTARTE no Domingo com o Festival Internacional de Folclore de Matosinhos no Parque Basílio Teles e com o Baile Folk de Encerramento na Escola EB 23, onde os Grupos se despediram das gentes de Leça que tão bem os souberam receber, ficando a promessa de um dia voltarem.
OS GRUPOS PARTICIPANTES
Agrupacíon Folklórica Princesa Iraya – Santa Cruz de Tenerife – Canárias – Espanha
Da província de Santa Cruz de Tenerife veio até nós a Agrupacíon Folklórica Princesa Iraya. A sua fundação data de Novembro de 1982, tendo como mentor Eusébio Benedito Cabrera, cujo objectivo foi reunir os jovens do seu bairro, dando-lhes a conhecer as tradições e costumes da sua ilha. Tem participações, dignas de registo, em vários festivais internacionais, sendo que esta foi a segunda vez que actuou em Portugal. Desde 1997 que o Princesa de Iraya mantém uma escola de folclore formada por pessoas de todas as idades, cujo objectivo é o de aprofundar as tradições locais. É através desta cantera, que o grupo assegura o seu futuro. O peixe ocupa um lugar importante na gastronomia das Ilhas Canárias, com particular destaque para “la morena” frita. O artesanato mediterrânico é sempre uma caixinha de surpresas.
Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas – Equador
Da cidade de Ibarra chegou-nos o Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas, da Universidade Técnica do Norte. Consciente da vastíssima cultura nacional, a Universidade Técnica do Norte apoia incondicionalmente o Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas que tenta espelhar o mais fielmente possível, o folclore do seu povo. Como o folclore representa muito mais do que as danças e os cantares, este grupo trouxe ao Festarte verdadeiras obras artesanais, que foram muito apreciadas ou adquiridas na feira de artesanato. A sua gastronomia é composta por uma grande variedade de espécies de milho, com as quais fazem diversos tipos de farinhas e massas, utilizando-os também para fazer uma bebida chamada “chicha”, que era consumida em grandes quantidades.
The Folk Ensemble Busuiocul – Bacau – Roménia
A Roménia apresentou no Festarte 2007, o The Folk Ensemble Busuiocul, fundado em 1973. A paixão e o talento dos elementos que compõem este grupo, faz com que o Busuiocul seja uma referência do folclore local. Interpretando o folclore de várias regiões da Roménia, este grupo, tem no seu corpo de dança, uma forte componente na qualidade dos espectáculos que apresenta. A sonoridade deste grupo é apoiada por um grupo de instrumentistas verdadeiramente extraordinários, que são uma mais valia nos concertos apresentados. Trouxeram também ao Festarte a sua riquíssima gastronomia e o seu não menos surpreendente artesanato.
Folklórny Súbor Partizán Biotica – Eslovaquia
Da cidade de Banská Bystrica chegou-nos o Grupo Folklórny Súbor Partizán Biotica, fundado em 1958, e que desde então se tem preocupado com a recreação das tradições da sua cidade. O canto e a dança deste grupo são harmonizados com instrumentos tradicionais da região a que pertencem. Trouxeram também o seu artesanato e a sua gastronomia, oportunidade para provarmos o “Bryndzove halusky”, iguaria composta de queijo fresco frito, acompanhado com bacon.
Ballet “Alpazuma” – Monte Buey – Argentina
País dividido em várias regiões, o Ballet “Alpazuma”, termo indígena, que traduzido significa terra linda, chega-nos de Monte Buey, Província de Córdoba. A partir de 1992, um grupo de jovens bailarinos que se encontravam esporadicamente para dançarem, conscientes do trabalho que desenvolviam, resolveram dar “corpo” ao seu trabalho, e assim nasceu o Ballet “Alpazuma”. Reconhecido oficialmente pelo Governo Municipal de Monte Buey, na província de Córdoba/Argentina, o Ballet “Alpazuma” tem, nas suas escolas de dança, o futuro desta tradição do país das pampas. Trouxeram ao Festarte a sua riquíssima gastronomia e o seu não menos peculiar artesanato.
Conjunto Folclórico Magisterial – México
O Conjunto Folclórico Magisterial chegou-nos da capital deste país, tendo como data da sua primeira aparição pública o ano de 1963. A sua presença nos mais importantes festivais mundiais faz deste grupo um dos maiores embaixadores culturais, aonde o Magisterial leva o “coração” do povo mexicano. A magia dos sons, únicos como são os dos Mariachis, e a sua gastronomia, recomendada para paladares mais picantes, completaram a lista de motivos para uma participação que foi muito apreciada.
The Folk – Dance Group “La Farandole Courtepin” – Friburg – Suisse
Pela primeira vez presente no Festarte, a Suíça trouxe-nos até Leça da Palmeira, a sua embaixada cultural através do “La Farandole Courtepin” de Friburg. O Groupe Folklorique “La Farandole Courtepin” nasceu no Cantão de Friburg, em 1938, com o objectivo de dar a conhecer os costumes do seu Cantão, participou em várias manifestações culturais na sua região, e participa com muita regularidade em festivais internacionais de folclore, fora do seu país. A sonoridade deste grupo está ainda por descobrir, mas destacamos os instrumentos de sopro, que compõem a sua pequena orquestra de dez músicos. Foi uma oportunidade única para apreciarmos também a sua gastronomia, bem como o seu artesanato.
RECITAIS DE MÚSICA TRADICIONAL
Foi numa Igreja Matriz repleta de público que os Grupos da Roménia, Argentina, Espanha e Equador, demonstraram inequivocamente todos os seus conhecimentos de música e canto. O recital de Leça da Palmeira abriu com a participação do Grupo da Roménia que exibiu todo o seu virtuosismo, especialmente a interpretação soberba do violinista de serviço que deu um autêntico recital de bem tocar. Seguiu-se o Grupo da Argentina que com a sonoridade que lhe é peculiar interpretou a típica música do País das Pampas, com destaque para o Tango. De salientar as excelentes interpretações de Guitarra Clássica, Piano e Sanfona executadas por artistas de excelente qualidade. O Grupo da Espanha foi o “senhor” que se seguiu, animando e de que maneira todo o público presente na Igreja Matriz com os seus cânticos e com a sua música, assemelhando-se muito à música interpretada por tunas académicas, em função dos instrumentos utilizados. Saliente-se no Grupo da Espanha a grande qualidade vocal dos seus intérpretes. Por último, vindo do recital de Santa Cruz do Bispo, esteve o Grupo do Equador que com as suas tradicionais flautas de pan fechou em grande uma noite espectacular, riquíssima de tradições, de música e sonoridade únicas. Para terminar e em jeito de rodapé, de salientar o esforço da Equipa da Paróquia responsável pelo recital, que colocou à disposição dos Grupos todas as condições necessárias para um grande espectáculo, nomeadamente ao nível da qualidade de som, gentilmente cedido pela Banda Ex-Libris.
FEIRA DE ARTESANATO – ANIMAÇÃO E ALEGRIA.
A Feira de Artesanato teve início no sábado, dia 28 de Julho, e terminou na sexta-feira seguinte, dia 3 de Agosto. Durante todos estes dias foi possível assistirmos a diversas iniciativas culturais, com destaque para a animação nocturna, com os Grupos a interpretar as suas músicas e as suas danças e onde se pôde assistir todos os dias a um adro repleto de público entusiasta que soube sempre dizer presente a todas as manifestações culturais realizadas. No Domingo a animação da feira esteve a cargo do Grupo Paroquial de Teatro, que pelo segundo ano consecutivo mostrou e bem aquilo que sabe fazer, nomeadamente com os elementos mais novos do Grupo. Notou-se, de facto, uma preparação cuidada do espectáculo apresentado com a montagem da logística necessária a ser realizada durante todo o dia de Sábado, denotando a particular importância que o espectáculo teve para o Grupo. Na segunda-feira, dia 30, tivemos a presença do Grupo da Argentina que interpretou e deslumbrou todos os presentes com a sua música, o seu canto e as suas danças. Sem querer ser parcial, foi o Grupo que melhor apresentou a mais cuidada interpretação musical em toda a Feira. Extremamente seguros da sua música, pautaram a sua actuação pela sobriedade, cativando o vasto público presente, ao ponto de eles próprios se mostrarem surpreendidos com a sua interpretação. Foi possível ver a satisfação do Grupo no final, pela actuação muito bem conseguida. Na terça-feira, dia livre no programa, a animação da Feira esteve a cargo do Rancho Típico da Amorosa, que com a sua alegria e os seus cantares colocou o público presente a dançar e a cantar. Na quinta-feira tivemos a agradável presença de três Grupos. A animação começou com o Grupo do Equador que aqueceu a noite com a sua música alegre e tradicional. Algumas das músicas, conhecidas do público português, foram aproveitadas pelo grupo para colocarem os “Leceiros” a cantar e a dançar com eles. Seguiu-se o Grupo da Eslováquia, que naturalmente com sonoridades diferentes soube de igual modo atrair a atenção de todos. De salientar o virtuosismo dos seus executantes, nomeadamente do intérprete do Cimbal e dos Violinistas. Fechou a noite o Grupo da Espanha que, tal como no dia anterior, no recital da Igreja, cativou todos os presentes, convidando-os entusiasticamente a dançar com eles. A noite prolongou-se mais do que o esperado, por força dos três Grupos presentes, mas também porque o Grupo da Espanha foi capaz de prender o público com a sua música. No último dia, a presença do grupo do México fechou com chave de ouro a Feira de Artesanato. Notou-se que o espectáculo foi previamente preparado com coreografias únicas e onde foi possível observar a vasta cultura mexicana. Terminaram a actuação com os tradicionais Mariachis ao som de “Cielito Lindo” cantada por todos os presentes. Simplesmente espectacular!
NOTA FINAL
Poderia dizer...Terminou o FESTARTE 2007, venha o FESTARTE 2008. Mas tenho de terminar a minha reportagem dizendo: “Terminou o FESTARTE 2007, venha outro igual que este deixou muitas saudades!”
Foi uma organização sem mácula. Talvez por também já é o décimo FESTARTE, mas de facto foi o melhor de sempre: sem atrasos significativos nos horários previstos, sem confusões de última hora. Sobretudo deixa saudades pela simpatia dos participantes. Há muito que não se via tanta entrega, tanto rigor e sobretudo tanta vontade de estar presente. Ao contrário de anos anteriores, a Feira de Artesanato abriu sempre a horas e com todos os artesãos presentes, especialmente os estrangeiros. Deixa saudades, sim, ao ponto do artesão da Argentina chorar na despedida abraçado aos elementos da Organização da Feira, e com a voz embargada dizer que vai com amigos no coração. Esta amizade cultivada ao longo de uma semana de trabalho é muito reconfortante para todos os que se esforçaram, se entregaram e viveram de alma e coração o FESTARTE. Dizemos sempre que é o último que fazemos, mas não é possível deixarmos de estar cá para o ano. Por último, uma palavra para todos os artesãos nacionais presentes, pela compreensão demonstrada e pela disponibilidade.
OS GRUPOS PARTICIPANTES
Agrupacíon Folklórica Princesa Iraya – Santa Cruz de Tenerife – Canárias – Espanha
Da província de Santa Cruz de Tenerife veio até nós a Agrupacíon Folklórica Princesa Iraya. A sua fundação data de Novembro de 1982, tendo como mentor Eusébio Benedito Cabrera, cujo objectivo foi reunir os jovens do seu bairro, dando-lhes a conhecer as tradições e costumes da sua ilha. Tem participações, dignas de registo, em vários festivais internacionais, sendo que esta foi a segunda vez que actuou em Portugal. Desde 1997 que o Princesa de Iraya mantém uma escola de folclore formada por pessoas de todas as idades, cujo objectivo é o de aprofundar as tradições locais. É através desta cantera, que o grupo assegura o seu futuro. O peixe ocupa um lugar importante na gastronomia das Ilhas Canárias, com particular destaque para “la morena” frita. O artesanato mediterrânico é sempre uma caixinha de surpresas.
Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas – Equador
Da cidade de Ibarra chegou-nos o Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas, da Universidade Técnica do Norte. Consciente da vastíssima cultura nacional, a Universidade Técnica do Norte apoia incondicionalmente o Grupo de Danzas Tradicionales Ecuatorianas que tenta espelhar o mais fielmente possível, o folclore do seu povo. Como o folclore representa muito mais do que as danças e os cantares, este grupo trouxe ao Festarte verdadeiras obras artesanais, que foram muito apreciadas ou adquiridas na feira de artesanato. A sua gastronomia é composta por uma grande variedade de espécies de milho, com as quais fazem diversos tipos de farinhas e massas, utilizando-os também para fazer uma bebida chamada “chicha”, que era consumida em grandes quantidades.
The Folk Ensemble Busuiocul – Bacau – Roménia
A Roménia apresentou no Festarte 2007, o The Folk Ensemble Busuiocul, fundado em 1973. A paixão e o talento dos elementos que compõem este grupo, faz com que o Busuiocul seja uma referência do folclore local. Interpretando o folclore de várias regiões da Roménia, este grupo, tem no seu corpo de dança, uma forte componente na qualidade dos espectáculos que apresenta. A sonoridade deste grupo é apoiada por um grupo de instrumentistas verdadeiramente extraordinários, que são uma mais valia nos concertos apresentados. Trouxeram também ao Festarte a sua riquíssima gastronomia e o seu não menos surpreendente artesanato.
Folklórny Súbor Partizán Biotica – Eslovaquia
Da cidade de Banská Bystrica chegou-nos o Grupo Folklórny Súbor Partizán Biotica, fundado em 1958, e que desde então se tem preocupado com a recreação das tradições da sua cidade. O canto e a dança deste grupo são harmonizados com instrumentos tradicionais da região a que pertencem. Trouxeram também o seu artesanato e a sua gastronomia, oportunidade para provarmos o “Bryndzove halusky”, iguaria composta de queijo fresco frito, acompanhado com bacon.
Ballet “Alpazuma” – Monte Buey – Argentina
País dividido em várias regiões, o Ballet “Alpazuma”, termo indígena, que traduzido significa terra linda, chega-nos de Monte Buey, Província de Córdoba. A partir de 1992, um grupo de jovens bailarinos que se encontravam esporadicamente para dançarem, conscientes do trabalho que desenvolviam, resolveram dar “corpo” ao seu trabalho, e assim nasceu o Ballet “Alpazuma”. Reconhecido oficialmente pelo Governo Municipal de Monte Buey, na província de Córdoba/Argentina, o Ballet “Alpazuma” tem, nas suas escolas de dança, o futuro desta tradição do país das pampas. Trouxeram ao Festarte a sua riquíssima gastronomia e o seu não menos peculiar artesanato.
Conjunto Folclórico Magisterial – México
O Conjunto Folclórico Magisterial chegou-nos da capital deste país, tendo como data da sua primeira aparição pública o ano de 1963. A sua presença nos mais importantes festivais mundiais faz deste grupo um dos maiores embaixadores culturais, aonde o Magisterial leva o “coração” do povo mexicano. A magia dos sons, únicos como são os dos Mariachis, e a sua gastronomia, recomendada para paladares mais picantes, completaram a lista de motivos para uma participação que foi muito apreciada.
The Folk – Dance Group “La Farandole Courtepin” – Friburg – Suisse
Pela primeira vez presente no Festarte, a Suíça trouxe-nos até Leça da Palmeira, a sua embaixada cultural através do “La Farandole Courtepin” de Friburg. O Groupe Folklorique “La Farandole Courtepin” nasceu no Cantão de Friburg, em 1938, com o objectivo de dar a conhecer os costumes do seu Cantão, participou em várias manifestações culturais na sua região, e participa com muita regularidade em festivais internacionais de folclore, fora do seu país. A sonoridade deste grupo está ainda por descobrir, mas destacamos os instrumentos de sopro, que compõem a sua pequena orquestra de dez músicos. Foi uma oportunidade única para apreciarmos também a sua gastronomia, bem como o seu artesanato.
RECITAIS DE MÚSICA TRADICIONAL
Foi numa Igreja Matriz repleta de público que os Grupos da Roménia, Argentina, Espanha e Equador, demonstraram inequivocamente todos os seus conhecimentos de música e canto. O recital de Leça da Palmeira abriu com a participação do Grupo da Roménia que exibiu todo o seu virtuosismo, especialmente a interpretação soberba do violinista de serviço que deu um autêntico recital de bem tocar. Seguiu-se o Grupo da Argentina que com a sonoridade que lhe é peculiar interpretou a típica música do País das Pampas, com destaque para o Tango. De salientar as excelentes interpretações de Guitarra Clássica, Piano e Sanfona executadas por artistas de excelente qualidade. O Grupo da Espanha foi o “senhor” que se seguiu, animando e de que maneira todo o público presente na Igreja Matriz com os seus cânticos e com a sua música, assemelhando-se muito à música interpretada por tunas académicas, em função dos instrumentos utilizados. Saliente-se no Grupo da Espanha a grande qualidade vocal dos seus intérpretes. Por último, vindo do recital de Santa Cruz do Bispo, esteve o Grupo do Equador que com as suas tradicionais flautas de pan fechou em grande uma noite espectacular, riquíssima de tradições, de música e sonoridade únicas. Para terminar e em jeito de rodapé, de salientar o esforço da Equipa da Paróquia responsável pelo recital, que colocou à disposição dos Grupos todas as condições necessárias para um grande espectáculo, nomeadamente ao nível da qualidade de som, gentilmente cedido pela Banda Ex-Libris.
FEIRA DE ARTESANATO – ANIMAÇÃO E ALEGRIA.
A Feira de Artesanato teve início no sábado, dia 28 de Julho, e terminou na sexta-feira seguinte, dia 3 de Agosto. Durante todos estes dias foi possível assistirmos a diversas iniciativas culturais, com destaque para a animação nocturna, com os Grupos a interpretar as suas músicas e as suas danças e onde se pôde assistir todos os dias a um adro repleto de público entusiasta que soube sempre dizer presente a todas as manifestações culturais realizadas. No Domingo a animação da feira esteve a cargo do Grupo Paroquial de Teatro, que pelo segundo ano consecutivo mostrou e bem aquilo que sabe fazer, nomeadamente com os elementos mais novos do Grupo. Notou-se, de facto, uma preparação cuidada do espectáculo apresentado com a montagem da logística necessária a ser realizada durante todo o dia de Sábado, denotando a particular importância que o espectáculo teve para o Grupo. Na segunda-feira, dia 30, tivemos a presença do Grupo da Argentina que interpretou e deslumbrou todos os presentes com a sua música, o seu canto e as suas danças. Sem querer ser parcial, foi o Grupo que melhor apresentou a mais cuidada interpretação musical em toda a Feira. Extremamente seguros da sua música, pautaram a sua actuação pela sobriedade, cativando o vasto público presente, ao ponto de eles próprios se mostrarem surpreendidos com a sua interpretação. Foi possível ver a satisfação do Grupo no final, pela actuação muito bem conseguida. Na terça-feira, dia livre no programa, a animação da Feira esteve a cargo do Rancho Típico da Amorosa, que com a sua alegria e os seus cantares colocou o público presente a dançar e a cantar. Na quinta-feira tivemos a agradável presença de três Grupos. A animação começou com o Grupo do Equador que aqueceu a noite com a sua música alegre e tradicional. Algumas das músicas, conhecidas do público português, foram aproveitadas pelo grupo para colocarem os “Leceiros” a cantar e a dançar com eles. Seguiu-se o Grupo da Eslováquia, que naturalmente com sonoridades diferentes soube de igual modo atrair a atenção de todos. De salientar o virtuosismo dos seus executantes, nomeadamente do intérprete do Cimbal e dos Violinistas. Fechou a noite o Grupo da Espanha que, tal como no dia anterior, no recital da Igreja, cativou todos os presentes, convidando-os entusiasticamente a dançar com eles. A noite prolongou-se mais do que o esperado, por força dos três Grupos presentes, mas também porque o Grupo da Espanha foi capaz de prender o público com a sua música. No último dia, a presença do grupo do México fechou com chave de ouro a Feira de Artesanato. Notou-se que o espectáculo foi previamente preparado com coreografias únicas e onde foi possível observar a vasta cultura mexicana. Terminaram a actuação com os tradicionais Mariachis ao som de “Cielito Lindo” cantada por todos os presentes. Simplesmente espectacular!
NOTA FINAL
Poderia dizer...Terminou o FESTARTE 2007, venha o FESTARTE 2008. Mas tenho de terminar a minha reportagem dizendo: “Terminou o FESTARTE 2007, venha outro igual que este deixou muitas saudades!”
Foi uma organização sem mácula. Talvez por também já é o décimo FESTARTE, mas de facto foi o melhor de sempre: sem atrasos significativos nos horários previstos, sem confusões de última hora. Sobretudo deixa saudades pela simpatia dos participantes. Há muito que não se via tanta entrega, tanto rigor e sobretudo tanta vontade de estar presente. Ao contrário de anos anteriores, a Feira de Artesanato abriu sempre a horas e com todos os artesãos presentes, especialmente os estrangeiros. Deixa saudades, sim, ao ponto do artesão da Argentina chorar na despedida abraçado aos elementos da Organização da Feira, e com a voz embargada dizer que vai com amigos no coração. Esta amizade cultivada ao longo de uma semana de trabalho é muito reconfortante para todos os que se esforçaram, se entregaram e viveram de alma e coração o FESTARTE. Dizemos sempre que é o último que fazemos, mas não é possível deixarmos de estar cá para o ano. Por último, uma palavra para todos os artesãos nacionais presentes, pela compreensão demonstrada e pela disponibilidade.
Aqui merece referência especial a “Tasquinha LÁ DE CIMA” (que é como quem diz “lá de cima” do Monte Espinho…), porque foi, de facto, a grande novidade este ano. Souberam aos poucos cativar clientela, numa “tasquinha” que cresceu com o passar da semana e que no último dia já ocupava quase metade do espaço da Feira. Contamos com eles para o ano, com a mesma alegria e a mesma disponibilidade e sem querer ser “bairrista”, porque até nem o sou, só posso dizer...tinha de ser o Monte Espinho. Bem hajam e que o objectivo a que se propuseram ao participarem na Feira de Artesanato tenha sido alcançado.
O MEU LAMENTO
Como já foi referido, a organização do FESTARTE esteve irrepreensível. Por esse facto o meu lamento vai em outra direcção. Tem a ver, naturalmente, com a Feira de Artesanato e a dificuldade por todos nós sentida na sua realização. Não basta dizer que temos uma Feira de Artesanato, é necessário criarmos as melhores condições para os artesãos. Ano após ano, lamentamos que o apoio (ou melhor a falta dele), que nos é dado seja mínimo por parte dos Órgãos de poder local, nomeadamente da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal. Para quando um apoio efectivo, principalmente naquilo que diz respeito às “barracas” dos artesãos?
Não chega trazer meia dúzia de placas de aglomerado e com outra meia dúzia de pregos dizer-se que temos Feira de Artesanato. A cobertura das mesmas e a iluminação são a nosso cargo. Mas pior do que isso tudo é o de termos que “desmontar” e “montar” a Feira todos os dias. E porquê? Porque as “barracas” não são fechadas. Porque se continua a achar que esta Feira de Artesanato, a nossa Feira de Artesanato, não merece ter umas “barracas” fechadas, seguras e com um mínimo de conforto para os artesãos. Este ano já houve algumas desistências, precisamente porque em nenhuma outra Feira de Artesanato se faz isto. É incompreensível como após um dia de trabalho, ainda se tem que tirar tudo das “barracas”, empacotar e guardar numa sala fechada. Para quando umas “barracas” novas, fechadas e seguras? Será pedir muito? Aqui fica o recado para quem de direito. Espero que desta vez não caiam em “saco roto”. O meu segundo lamento vai, infelizmente, para a pobreza das Festas de Sant’ana. Se é que se pode chamar Festas a meia dúzia de Feirantes que lá vão trazendo alguma cor e alegria às Festas. Ainda pior é mesmo o programa das Festas. Sem querer tirar o mérito aos músicos que passaram pelo palco montado no Parque Eng. Fernando Pinto Oliveira, porque nem sequer questiono a qualidade dos mesmos, assisto decepcionado à expressão triste e desolada de quem na noite de Sábado saiu de suas casas para assistir a um pouco de música de baile e acaba por assistir a uma banda que independentemente da sua qualidade, que friso mais uma vez não está em causa, não se adequa minimamente ao público Leceiro. Está na altura dos responsáveis pela Autarquia Leceira pensarem a sério no programa das Festas, com bandas que animem de facto a população. E há tantas bandas em Leça capaz de o fazer. Afinal não são só as Festas de Sant’ana, são as Festas de Leça da Palmeira.
José Eduardo Sousa
O MEU LAMENTO
Como já foi referido, a organização do FESTARTE esteve irrepreensível. Por esse facto o meu lamento vai em outra direcção. Tem a ver, naturalmente, com a Feira de Artesanato e a dificuldade por todos nós sentida na sua realização. Não basta dizer que temos uma Feira de Artesanato, é necessário criarmos as melhores condições para os artesãos. Ano após ano, lamentamos que o apoio (ou melhor a falta dele), que nos é dado seja mínimo por parte dos Órgãos de poder local, nomeadamente da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal. Para quando um apoio efectivo, principalmente naquilo que diz respeito às “barracas” dos artesãos?
Não chega trazer meia dúzia de placas de aglomerado e com outra meia dúzia de pregos dizer-se que temos Feira de Artesanato. A cobertura das mesmas e a iluminação são a nosso cargo. Mas pior do que isso tudo é o de termos que “desmontar” e “montar” a Feira todos os dias. E porquê? Porque as “barracas” não são fechadas. Porque se continua a achar que esta Feira de Artesanato, a nossa Feira de Artesanato, não merece ter umas “barracas” fechadas, seguras e com um mínimo de conforto para os artesãos. Este ano já houve algumas desistências, precisamente porque em nenhuma outra Feira de Artesanato se faz isto. É incompreensível como após um dia de trabalho, ainda se tem que tirar tudo das “barracas”, empacotar e guardar numa sala fechada. Para quando umas “barracas” novas, fechadas e seguras? Será pedir muito? Aqui fica o recado para quem de direito. Espero que desta vez não caiam em “saco roto”. O meu segundo lamento vai, infelizmente, para a pobreza das Festas de Sant’ana. Se é que se pode chamar Festas a meia dúzia de Feirantes que lá vão trazendo alguma cor e alegria às Festas. Ainda pior é mesmo o programa das Festas. Sem querer tirar o mérito aos músicos que passaram pelo palco montado no Parque Eng. Fernando Pinto Oliveira, porque nem sequer questiono a qualidade dos mesmos, assisto decepcionado à expressão triste e desolada de quem na noite de Sábado saiu de suas casas para assistir a um pouco de música de baile e acaba por assistir a uma banda que independentemente da sua qualidade, que friso mais uma vez não está em causa, não se adequa minimamente ao público Leceiro. Está na altura dos responsáveis pela Autarquia Leceira pensarem a sério no programa das Festas, com bandas que animem de facto a população. E há tantas bandas em Leça capaz de o fazer. Afinal não são só as Festas de Sant’ana, são as Festas de Leça da Palmeira.
José Eduardo Sousa
in "A Voz de Leça" - Ano LIV - Número 6 - Setembro de 2007