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A Equipa Redactorial

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

XII FESTARTE

Decorreu de 24 de Julho a 3 de Agosto o XII FESTARTE (Festival Internacional de Artes e Tradição Populares de Matosinhos). Tal como vem sendo hábito em anos anteriores, o FESTARTE teve o seu inicio com o hastear das bandeiras e audição dos hinos dos Países no adro da Igreja Matriz de Leça da Palmeira. Este ano, ao contrário de anos anteriores, o hastear das bandeiras realizou-se na manhã do dia 25 de Julho e contou com a participação de todos os Grupos estrangeiros presentes e das mais altas individualidades da Autarquia Matosinhense. No início da cerimónia tomou a palavra o Presidente do FESTARTE, Raul Neves, tendo dirigido uma saudação muito especial de boas vindas a todos os Grupos presentes e salientando a importância cultural do FESTARTE no intercâmbio de culturas. Usou também da palavra o representante da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira e, por fim, o Sr. Presidente da Câmara Municipal, Dr. Guilherme Pinto, que garantiu a disponibilidade total da Autarquia para com o FESTARTE. Domingo foi o dia grande do FESTARTE com a habitual missa solene na Igreja Matriz, participada por todos os Grupos Paroquiais e presidida pelo Rev. Padre Fernando Cardoso de Lemos. À tarde teve lugar o desfile etnográfico pela Avenida Dr. Fernando Aroso, seguindo-se a recepção oficial na Junta de Freguesia e o XXII Festival Internacional de Folclore de Leça da Palmeira, que, para a além do Grupos Estrangeiros, contou ainda com a presença do Rancho Típico da Amorosa, Rancho Folclórico do Mundão- Viseu, Rancho Folclórico “Os Camponeses de Santana do Mato”, Rancho Folclórico da Corredoura – Guimarães, Rancho Folclórico da Vila de Pereira – Montemor-o-Velho, Rancho Típico de São Mamede Infesta e o Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela – Viana do Castelo. À noite, teve lugar o já tradicional Baile Folk de Abertura, na Escola EB 2,3 de Leça da Palmeira. Na segunda feira, o FESTARTE esteve em Matosinhos onde houve lugar à animação de rua, seguindo-se a recepção oficial na Câmara Municipal. Na tarde desse dia os Grupos tiverem oportunidade de actuar em instituições de carácter social, nomeadamente a ALADI (Associação Lavrense de Apoio ao Diminuído Mental) e Lar da Bataria. Terça-feira foi dia de folga, tendo o FESTARTE continuado no dia seguinte, com a Gala da 3ª Idade no Auditório Mário Rodrigues Pereira em Lavra, tendo a noite sido preenchida com os recitais de música tradicional nas Igrejas de Leça da Palmeira, Santa Cruz do Bispo e São Mamede
Infesta. Na quinta-feira teve inicio o Festival de Gastronomia, em que as famílias que no ano passado receberam os Grupos em sua casa
puderam, desta vez, saborear as iguarias que os Grupos deste ano nos trouxeram, num jantar que teve lugar na Feira de Artesanato. O FESTARTE não poderia terminar sem o habitual encontro de Etnografia e Folclore coordenado pelo Dr. João Pimenta, do Gabinete de Estudos de Etnografia e Folclore do Rancho Típico da Amorosa, que este ano teve lugar na sede do RTA. A finalizar houve ainda lugar para mais dois festivais de folclore: no sábado à noite, em São Mamede, o XX Festival Internacional de Folclore e, no domingo, em Matosinhos, o Festival Internacional de Folclore e o encerramento do
FESTARTE.


OS Grupos Participantes
Ballet Folklorico de Occidente
Guadalaraja – México
Este Grupo chegou-nos do estado de Jalisco, cidade de Guadalaraja, sendo uma das maiores deste País da América Latina, com uma população a rondar um milhão e setecentos mil habitantes, sendo que a sua área metropolitana ronda os quatro milhões de habitantes, é a segunda maior do País em número de habitantes. Trouxeram ao FESTARTE a indústria do seu artesanato, a sua gastronomia, recomendada para quem goste de sabores picantes.







Croatian Folklore Ensemble “Ostrc”
Samobor – Croácia
Fundado em 14 de Janeiro de 1979, na pequena cidade de Samobor, que dista cerca de 25 Km da capital Zagreb. Este Grupo recriou artisticamente os diferentes temas da tradição popular, exprimiu a sensibilidade e as emoções contidas neste legado secular, que constitui a sua identidade com povo. Pela segunda vez no FESTARTE trouxeram também a gastronomia tradicional da Croácia, o Artesanato e os virtuosismo das suas interpretações musicais.







Apple Chill Cloggers
Carrboro – Estados Unidos da América

Este grupo tem como data da sua formação o ano de 1975 sendo seu patrono a Universidade da Carolina do Norte, estado de onde são originados. O grupo está federado no Orange County Arts, organização que tem por finalidade promover o desenvolvimento artístico desta pequena cidade da Carolina do Norte. O Apple Chill Cloggers levam as suas danças aos vários locais da região com particular destaque para as escolas básicas e superiores com a finalidade de expandir a arte que executam. Pela primeira vez presente no FESTARTE os Estados Unidos a América trouxeram da cidade de Carrboro o seu artesanato e uma gastronomia que nos surpreendeu.




Folk Ensemble Kladets
Moscovo – Rússia
Criado em 1985 por alunos dum colégio da região de Moscovo, o grupo ofereceu um programa variado, com as suas danças enérgicas e acrobáticas, misturados com alguns gestos de ternura perfeitamente sincronizados em danças de amos e muita alegria em danças de arte circense. O “Kladez” é participante da época de programas especiais da Sociedade Filarmónica de Moscovo Estado, Moscovo Tchaikovsky Concert Hall, etc. O Grupo participa regularmente em programas televisivos e é vencedor de vários prémios regionais. O seu artesanato esteve bem representado com particular destaque para as “matrioscas” bem como os paladares sempre misteriosos da cozinha tradicional Russa.



Songkhla Rajabhat University
Folk Dance Troupe – Tailândia
Este grupo chegou-nos do Sudoeste da Ásia e foi fundado em 1955 com a preocupação de manter o Thai Folkdance da região sul da Tailândia. O Grupo tem realizado algumas experiências nacionais e internacionais e possui instrumentos como o The Ranad, Pi-Nai, Pi-java, Pi-Mon, Klui Piang e Pomg Lang com sonoridade muito particulares. Trouxeram a sua gastronomia famosa pela mistura de sabores entre o doce, o apimentado, o amargo e o salgado. Particular destaque teve o seu artesanato.


A Feira de Artesanato
Se em anos anteriores sempre fiz tema do “meu lamento”, as condições da Feira de Artesanato com os seus stands quase artesanais produzidos à custa do trabalho árduo dos responsáveis pela Feira, este ano terei que dizer exactamente o contrário. Não sendo o supra sumo dos stands, foram sem dúvida a melhor solução encontrada. Também não se pede mais do que isto. Stands com luz, fechados e seguros foram o ponto mais positivo da edição deste ano do FESTARTE. Sabemos bem o esforço que foi feito para que tal fosse possível, mas de facto, valeu a pena. Saliente-se ainda a presença de um guarda nocturno durante os dias em que decorreu a Feira que para além da novidade de ter novos stands teve ainda a duração de mais um dia o que diga-se em abono da verdade se justificou plenamente, pois não fazia sentindo terminar a Feira de Artesanato a uma sexta-feira. Portanto, este ano a Feira de Artesanato esteve patente durante 8 dias, sempre com muito público, e, para além dos Grupos estrangeiros presentes, contou com artesãos nacionais com presenças em anteriores FESTARTE, assim como a “Tasquinha lá de Cima” que tal como em anos anteriores proporcionou deliciosos petiscos aos visitantes. Façamos votos de que para a ano se possa proporcionar as mesmas condições a quem expõe e a quem nos visita.

O Meu Lamento
Tal como diz o povo: “Não há bela sem senão”, o meu lamento deste ano vai para o reduzido número de Grupos estrangeiros presentes. Mas aqui há que ter em conta dois pontos fundamentais: o primeiro tem a ver com o facto de que este reduzido número de participantes não é da responsabilidade da organização do FESTARTE que tentou por todos os meios que pelo menos mais dois marcassem presença. Inclusive chegou a ser hasteada a bandeira da Moldávia. No entanto, problemas burocráticos nos países de origem e a tão afamada Gripe A impediram alguns grupos de estarem presentes na edição deste ano do FESTARTE. O segundo facto, este positivo, e para que não fique no ar de que aqueles que faltaram é que eram os bons, saliente-se a enorme qualidade dos Grupos presentes em especial o Grupo da Croácia, já pela segunda vez no FESTARTE e o estreante Estados Unidos que proporcionaram momentos que com certeza ficaram na memória de todos que com eles conviveram.

Nota Final
Não foi o melhor FESTARTE de sempre. Disso não restam dúvidas, mas foi o FESTARTE possível que com muito esforço e dedicação acaba sempre por ser o maior acontecimento cultural do Verão Leceiro. Esperemos que para o ano seja melhor, mesmo porque já nos habituamos a um rigor e qualidade aos quais o FESTARTE já não pode fugir.

José Eduardo Sousa in "A Voz de Leça" Ano LVI - Número 6 - Agosto/Setembro de 2009