Parcas seriam as palavras para descrever o empenho e generosidade que duas dedicadas senhoras da nossa Paróquia empregam no árduo trabalho que é, decorar os andores da Procissão de S. Miguel e a maior parte dos altares da nossa Igreja Matriz. Falamos da Ascensão e da Rosarinho, que às vezes com muito sacrifício, arriscando a própria saúde física, conseguem imaginar, inventar, reinventar e decorar com amor e dedicação os nossos altares e os nossos andores.
Não raras vezes, entrei na Igreja Matriz e ouvi alguns paroquianos e forasteiros dizerem que os altares estão muito bonitos e até que deve custar uma fortuna à Paróquia pagar o trabalho da “empresa” que faz as decorações. Pois bem, nada é mais falso. O trabalho destas duas senhoras é gratuito, fazem tudo por amor a Deus, como sempre gostam de afirmar. E foi num desses dias, muito perto do dia grande da Festividade de S. Miguel que as encontramos, ajoelhadas ao Altar-mor a preparar a Mesa da Celebração. Foi então que pude observar com mais detalhe o excelente trabalho que estavam a executar. Não resisti e logo ali decidi que neste número, mais do que descrever pormenorizadamente todo o programa das Festividades em Honra de São Miguel Arcanjo, que sendo, sem dúvida, de singular importância, seria também oportuno mostrar a todos, em detalhe, os extraordinários arranjos das flores de pano e decoração dos Andores e a decoração dos Altares. É através das imagens, da observação detalhada dos pormenores que nos apercebemos do bom gosto, do carinho e do amor que estas duas senhoras dão e continuarão a dar à nossa Paróquia. Refira-se o pormenor do ramo de azinheira e dos lenços brancos no andor de Nossa Senhora de Fátima, a lembrar a Cova da Iria e as Procissões de Velas e do ‘Adeus’ à imagem da Virgem. Também o andor de S. Miguel foi decorado a preceito, com a abóbora e as uvas (havia um cacho de uvas verdadeiro...), a lembrar as colheitas, próprias desta época. Todos os andores apresentavam pormenores alusivos às figuras da Igreja que as imagens representam ou aos altares onde as mesmas se encontram habitualmente. Nada foi deixado ao acaso, o que diz muito da dedicação das duas senhoras. Convém ainda salientar o acompanhamento que é dado pelo Sr. José Soares na pintura das flores de pano, no trabalho manual que vai fazendo para que os arranjos florais dos Andores tenham aquele toque de classe por todos extremamente apreciados. É pois, através dessas imagens que preenchem as páginas do nosso Jornal, porque também é importante reconhecer publicamente o trabalho de quem todas as semanas se dedica de alma e coração ao serviço de Deus e da Sua Igreja.
José Eduardo Sousa
in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 7 - Outubro de 2008